domingo, 5 de agosto de 2012

E QUEM DISSE QUE NÃO EXISTE RELACIONAMENTOS FELIZES?

E QUEM DISSE QUE NÃO EXISTE RELACIONAMENTOS FELIZES?

PARABENS A ELES E A TODOS AQUELES QUE CONSEGUIRAM CONHECER SUAS ALMAS GEMEAS.



Casal de Itabira comemora Bodas de Vinho reunindo toda a famíliaO amor pode resistir a tudo: o segredo dos dois envolve dedicação e carinho mútuos

Déa Januzzi - Estado de Minas
Publicação: 05/08/2012 11:05Atualização:
 (Arquivo Pessoal)

Desta vez, eles ficaram sentados no altar o tempo todo, mas a emoção foi tão intensa quanto a de 28 de julho de 1942. De mãos dadas, Joaquim Augusto dos Campos Rosa, de 94 anos, e Matilde Felipe, de 92, renovaram os votos e as promessas de amor para sempre: “Eu, Matilde, prometo amá-lo e respeitá-lo, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença.” Os sete filhos, sete noras, 17 netos, 7 bisnetos e cerca de 100 amigos presentes à cerimônia religiosa se emocionaram. Na Igreja da Saúde, no Centro de Itabira, Região Central do estado, a prova de que o amor pode resistir ao tempo e a todas as dificuldades de relacionamento. Lá estava, no sábado, 28 de julho de 2012, o mesmo casal, a celebrar Bodas de Vinho 70 anos depois.

Cercados pelo carinho da família e dos amigos, Joaquim e Matilde entraram na igreja ao som do Hino da Família, depois vieram Glória, glória, aleluia, A barca (Pescador de homens) e, na bênção final, Nossa Senhora, música de Roberto Carlos. Na saída da igreja, uma chuva de arroz abençoou os cônjuges como da primeira vez.

Desde que se conheceram, há 70 anos, eles não só se casaram e construíram uma família como são queridos por todos na cidade de Carlos Drummond de Andrade. Lúcidos, cuidadosos um com o outro, Joaquim e Matilde vivem num casarão tombado pelo patrimônio histórico, na Rua Tiradentes, número 5. O casarão tem sete quartos, salas e um quintal com 18 pés de jabuticaba, além de jardim com rosas, que Joaquim colhe todos os dias de manhã para oferecer à amada. “Ele sempre acorda antes de mim e vai lá para o quintal cuidar das plantas e colher as rosas”, conta Matilde.

 (Arquivo Pessoal)
Juntos, eles tomam o café que Matilde faz questão de preparar para Joaquim, inclusive, ela não deixa também de fazer a sopa da noite para que ele durma aquecido. À tarde, os dois vão à padaria, sempre de mãos dadas, sob o olhar de admiração dos moradores de Itabira. Matilde declara que eles namoram até hoje, que um cuida do outro, que nunca houve briga, apenas pequenos desentendimentos normais, mas que depois das briguinhas o amor fica maior. À noite, eles rezam o terço juntos, assistem à televisão e jogam baralho. Joaquim não abre mão de um bom vinho à noite e de uma latinha de cerveja, para relaxar.

Que os filhos, noras, netos e bisnetos não se esqueçam do mandamento número um: “Se qualquer um deles vier a uma festa em Itabira, o pouso tem que ser na casa de Joaquim e Matilde. Eles não abrem mão de recepcionar, inclusive, os amigos deles. Afinal, tem lugar para todo mundo. Matilde sabe tocar violão, gosta de reunir todo mundo em volta dela e é confeiteira de mão cheia. O amor em pedaços dela é famoso. Para as bodas de 70 anos, com a ajuda da sobrinha Mônica, ela fez 300 desses doces.

TAREFAS


A festa começou uma semana antes. A família fez saraus para decidir sobre a programação. “As pessoas se dividiram nos afazeres da missa, fazendo as leituras no altar, as fotos, filmando, cantando no coral, tudo. Durante o ofertório, os bisnetos entraram em procissão levando rosas para os bisavós. Teve a renovação de votos, quando foi difícil esconder as lágrimas. Coisa maravilhosa poder falar isso depois de 70 anos de casados! “Depois o beijo na boca. E eles bem que gostam de beijar. O momento engraçado da missa foi quando o padre, impressionado com a idade dos dois, perguntou quantos anos a minha avó tinha. Todo mundo sabe que ela é vaidosa e até hoje diz que parou nos 83. Depois, o padre notou o fora e prosseguiu com a cerimônia”, conta Karina Penido Rosa, a neta mais velha do casal, que não se cansa de elogiar os avós.

Segundo ela, Matilde e seu Rosa formam um casal lindo e amoroso. “Todos se encantam ao vê-los andar pela cidade de mãos dadas. As gentilezas e cortesias que apenas um homem antigo sabe fazer com naturalidade, meu avô as mantêm até hoje. Nunca a deixa sozinha em casa, sempre a lembra do casaco antes de sair para não resfriar, no creme para o rosto, dá as mãos, abre as portas. São eternos namorados.”

A neta virou repórter e admiradora

Karina enviou e-mails e fotos para a redação contando a história dos avós. “Meu nome é Karina. Sou a neta mais velha e gostaria de falar sobre a história de meus avós. Nesta altura da vida, eles merecem a alegria das homenagens que receberão pelas Bodas de Vinho. Comemorar 70 anos de união, com o casal lúcido e feliz, é um marco extraordinário nos dias de hoje. E daqui para frente, fato como esse será cada vez mais raro”, conta ela, que descreve. “Minha avó também enche meu avô de mimos. Antigamente, fazia camisas para o marido e para os sete filhos, cortava os cabelos dos meninos muito bem. Começaram até a aparecer clientes para as camisas, muito benfeitas, e os cortes de cabelo. Mas a lida de mulher e mãe já tomava todo o tempo da jovem Matilde”, comenta a neta. “Ela se preocupa até hoje com as refeições da casa, faz a sopinha que ele gosta e não deixa de jogar baralho com seu companheiro toda noite. A união feliz desse casal é um exemplo para todos aqueles que pretendem estender seu casamento ao máximo e mantê-lo belo e feliz. Mesmo que a vida não nos permita chegar a completar Bodas de Vinho, fica a dica dos meus avós para um casamento feliz: carinho e atenção sempre.”

Ao assumir a missão de ser repórter por um dia, nas bodas dos avós, Karina não se esqueceu de nenhum detalhe da festa, além de enviar inúmeras fotos que dariam um caderno Bem Viver inteiro: “Os convidados jogaram arroz nos noivos, mas muito preocupados para que os dois não escorregassem e caíssem. "Cuidado com o aparelho de surdez do meu avô!", gritei, desesperada. “Gente, meu avô tem um carro velho que é seu xodó, uma Elba verde 1986. Ele não dirige mais, porque a família acha perigoso para ele e para os outros na rua. Mas a Elba foi buscá-los na igreja, toda enfeitada com latinhas da cerveja predileta do vovô, balões e dizeres escritos com batom. Enfim, foi uma festa inesquecível. Todos os familiares honrados por participarem desse momento sublime, tão raro, tão abençoado.”

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