sábado, 2 de março de 2013

Agropecuária teve desempenho ruim na geração de riqueza A queda no PIB do setor foi de 2,3%. Para este ano, expectativa é de retomada

Agropecuária teve desempenho ruim na geração de riqueza A queda no PIB do setor foi de 2,3%. Para este ano, expectativa é de retomada
Paulo Henrique Lobato
Zulmira Furbino -
Publicação: 02/03/2013 06:00 Atualização: 02/03/2013 07:29

Animados com a alta dos preços, produtores de soja devem plantar mais e cultura tende a ser destaque (José Varella/CB/D.A Press)
Animados com a alta dos preços, produtores de soja devem plantar mais e cultura tende a ser destaque

A safra recorde colhida no país em 2012 (162,1 milhões de toneladas) não impediu o Produto Interno Bruto (PIB) da agropecuária de encerrar o ano passado no vermelho (-2,3%). O resultado é consequência do fraco desempenho da pecuária, afetada pelo embargo comercial de carne bovina no mercado externo, o que reduziu o preço do produto no país, e das perdas de lavouras com peso importante na formação do indicador. Fazem parte dessa lista as plantações de trigo (-23,3%), feijão (-19,3%), fumo (-15,6%), arroz (-15,4%), soja (-12,3%), cana (-5,6%), laranja (-4,3%), mandioca (-4%) e algodão (-1,8%). As baixas decorreram de problemas climáticos (estiagem prolongada e chuva em excesso).

A maior queda no setor ocorreu no quarto trimestre: 5,2% em relação aos três meses anteriores. Na comparação com o último trimestre de 2011, o resultado foi ainda pior, com recuo de 7,5%. A presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Kátia Abreu, avaliou que as perdas na renda do produtor e na cadeia produtiva reforçam a necessidade de se aperfeiçoar os instrumentos de gestão de risco no agronegócio, em especial do seguro rural: “É a única maneira de manter a renda estabilizada e o nível de investimentos, minimizando os reflexos no setor”. A expectativa dela, em relação a 2013, é de que o agronegócio retome seu dinamismo, devido à expectativa de outra safra recorde de grãos (184 milhões de toneladas).

Para a economista Zeina Lataf, da Gibraltar Consulting, a queda apurada em 2012 se deve sobretudo a fatores climáticos. “Houve decepção com a agropecuária.” No acumulado do ano, o PIB da agropecuária só não caiu mais em razão de o milho e o café, duas culturas em que Minas se destaca, terem tido bons resultados. No país, a produção dessas lavouras avançou 25% e 15,2%, respectivamente.

A estiagem nos Estados Unidos aumentou as exportações de milho do Brasil e de outros países, refletindo em alta no preço. Para 2013, a soja promete ser uma das galinhas dos ovos de ouro da agropecuária. O especialista em mercado agrícola Rafael Ribeiro de Lima Filho, da Scot Consultoria, explica que nas últimas três safras os preços dispararam. “Em 2012, em algumas regiões (do país), o aumento de preço foi 40%. Na média, a produção de soja cresceu 25,7% em 2012. A área cresceu 10,4% em média (dado da Conab). A soja já é a principal cultura da safra de verão e seus preços devem seguir puxando o aumento da área plantada em 2013”, disse.

“O preço da soja em Minas subiu 24% entre janeiro e novembro (último mês com dados disponíveis). É certo que os agricultores, na safra 2012/2013, vão plantar mais soja. O algodão, por sua vez, registrou queda no faturamento, de 46,19% (janeiro a novembro), após uma safra recorde em 2011. Os preços reais da pluma caíram, apenas em novembro, 40,29%”, explicou Victor Soares Lopes, assessor técnico da Superintendência de Política e Economia Agrícola da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Estado de Minas Gerais.

CRISE NO PASTO  O embargo de carne bovina por 10 países começou em dezembro passado, devido a um caso de vaca louca, ocorrido no Paraná em 2010, mas só divulgado em 2012. Os mercados que adotaram a medida contra o Brasil foram: Arábia Saudita, Japão, China, África do Sul, Taiwan, Coreia do Sul, Jordânia, Líbano, Chile e Peru. Mas o embargos não foi o único problema enfrentado pelos criadores. O custo da produção também cresceu.

“O preço (dos cortes) hoje está no mesmo nível de um ano atrás. Então, sendo deflacionado, estamos com produtos valendo menos. O preço em reais é o mesmo, mas houve o custo alto, principalmente, de mão de obra. A mão de obra é o salário mínimo, que sobe mais do que o restante da economia. A torcida é para que 2013 seja melhor”, deseja Affonso Damázio, presidente da Comissão Técnica de Pecuária de Corte da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg).

A produção, acredita o consultor de mercado Hiberville Neto, também da Scot, até que vai crescer. Mas os preços, enxerga ele, tendem a ficar mais comedidos. “Temos mais oferta de fêmeas no campo, o que gera aumento da produção. Mas os preços tendem a ficar mais comedidos justamente pela alta dessa oferta. Mais fêmeas nos pastos produzem mais gado. (com Paulo Silva Pinto).

Minas melhor

O PIB de Minas Gerais em 2012 ainda não foi divulgado pela Fundação João Pinheiro (FJP), porém, a expectativa do governo é de que o chamado Valor Bruto da Produção (VBP) agrícola de 2012 tenha alcançado R$ 26,2 bilhões, 14,5% maior do que o apurado em 2011. A participação de Minas no agronegócio (e não agropecuária) deve chegar a 13,4%. Em 2003, essa participação foi de 9%.

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