quinta-feira, 26 de maio de 2011

Estado poderia salvar 3.037 mineiros com R$ 280 mil por mês

Estado poderia salvar 3.037 mineiros com R$ 280 mil por mês




Valor facilitaria a captação de órgãos e tecidos no Estado, permitindo mais transplantes e reduzindo a fila de espera



Fernando Zuba - Repórter - 26/05/2011 - 03:54


FREDERICO HAIKAL
Após 29 anos de sessões de hemodiálise, Waldemar perdeu a esperança de conseguir um rim


Minas Gerais precisaria de apenas R$ 280 mil por mês para salvar milhares de vidas que dependem de transplantes de órgãos. A avaliação é do diretor do MG Transplantes, Charles Simão Filho. "Além do baixo orçamento, os hospitais mineiros estão despreparados para identificar e notificar um doador em potencial, como acontece em São Paulo", denuncia. O estado vizinho é o campeão em procedimentos no país.
Hoje, o MG Transplantes trabalha com uma verba anual de R$ 900 mil. Nas contas do diretor, seriam necessários mais R$ 2,5 milhões por ano para otimizar o processo de captação de órgãos. Investimento pequeno se comparado aos R$ 6 milhões que o Governo de Minas gastou, em média, a cada 30 dias de 2010, para divulgar suas ações em campanhas, eventos e patrocínios. O custo da publicidade está no portal da Transparência do Estado de Minas Gerais.
Os paulistas contam com um serviço especializado para aumentar a captação. Batizada de Organizações de Procura de Órgãos e de Tecidos (OPOs), a iniciativa prevê a formação de equipes médicas para vigilância de casos de morte encefálica. Os grupos são encarregados de fazer rondas diárias em hospitais, em busca de potenciais doadores. "Precisaríamos de mais R$ 2,5 milhões por ano para implantar o projeto aqui", diz Charles.

Minas ocupa 16º lugar no ranking de notificação de doadores em potencial

Minas é o 16º estado no Brasil em notificações sobre possíveis doadores. Até abril, tinha 3.037 pacientes na fila de transplantes, de acordo com a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig).

O presidente da Associação Nacional de Pacientes, Doadores e Transplantados Renais, José Menezes Lourenço, atribui o problema ao descaso das autoridades. "Além da falta de investimentos, não há programas nem vontade política para resolver a questão", desabafa.

Na tentativa de fazer deslanchar o número de cirurgias, deputados mineiros defenderam a terceirização da captação de órgãos, ontem, durante audiência pública na Assembleia Legislativa. Ao custo anual de R$ 800 mil, a Associação Beneficente Pró-Transplante, uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), garantiu que, em dois anos, pode aumentar em pelo menos 50% o número de procedimentos realizados.

No entanto, para a promotora de Defesa da Saúde, Joseli Ramos Pontes, o discurso da criação de Oscips em contraponto ao serviço público é ultrapassado. "Precisamos fortalecer e valorizar o serviço público para tornar transparentes e democráticos esses procedimentos. E não trazer entidades que, se não têm interesses lucrativos, querem participar por quê?", questiona.

O nefrologista André Barreto Pereira, que preside a Associação Beneficente Pró-Transplante, considera que apesar de a quantidade de transplantes ter aumentado nos últimos quatro anos em Minas, a situação está longe da ideal. Para melhorar a dinâmica dos procedimentos, ele propôs a criação de uma entidade de apoio às comissões intra-hospitalares de doação de órgãos e tecidos para transplante (Cihdotts), que também teria a função de auxiliar as equipes de saúde responsáveis pelo diagnóstico de potenciais doadores. A proposta será encaminhada aos deputados em até 30 dias.

Agonia por tempo recorde

O aposentado Waldemar Batista Freitas, de 47 anos, está catalogando documentos e relatos de testemunhas para tentar uma vaga no Guinness Book (Livro dos Recordes). O motivo: provar que é o paciente que há mais tempo sobrevive por meio de um tratamento de hemodiálise.

Três vezes por semana, durante quatro horas, ligado em uma máquina (Foto: Frederico Haikal)

São 29 anos ligado à máquina de filtragem do sangue - três vezes por semana, durante quatro horas. "Desconheço algum caso semelhante. Só sei de um americano que resistiu ao tratamento por 27 anos", conta Waldemar.

O aposentado confessa que já perdeu as esperanças de passar pelo transplante. Mas luta pelo futuro de uma das filhas. A garota tem 17 anos e também depende da hemodiálise para continuar a viver.

Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde informou que, segundo o coordenador do MG Transplantes, Charles Simão Filho, em 2007 eram realizados 3,3 procedimentos para cada grupo de um milhão de pessoas. Em maio deste ano, a quantidade saltou para dez - 3 a mais.

Portanto, em virtude do crescimento da captação de órgãos, haveria necessidade de novos investimentos para que haja otimização da demanda. Segundo a secretaria, estudos técnicos estão sendo feitos "de forma que se atenda, dentro do possível", às necessidades. Inclusive no que diz respeito ao projeto de Organização de Procura de Órgãos e Tecidos (OPOs) na rede estadual.

Com relação aos recursos globais aplicados pelo Estado na saúde, a nota informa que Minas investe pelo menos 12% do orçamento no setor. Em 2010, foram aplicados R$ 3,47 bilhões em saúde (13,30%). Neste ano, a previsão de gastos é de R$ 4,06 bilhões, ou 14,67%.

http://www.hojeemdia.com.br/cmlink/hoje-em-dia/minas/estado-poderia-salvar-3-037-mineiros-com-r-280-mil-por-mes-1.285293



MARCÃO CAVALCANTE
FAZER O BEM. FAZ BEM.




Quanto vale uma vida para você? O Governo de Minas, já demonstrou quanto vale.

Um comentário:

Unknown disse...

PARABENS, IRMAO.


PRECISAMOS MOBILIZAR NOSSOS IRMAOS E SOCIEDADE PARA ESTE FEITO.

CONTE COMIGO.


ABRACO.