sexta-feira, 25 de julho de 2014

Humanidade está provocando a sexta extinção em massa no planeta, diz estudo.


Em 500 anos, 322 espécies de vertebrados desapareceram, e populações da maioria dos animais estão diminuindo

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Grandes mamíferos como a anta brasileira são os primeiros a desaparecer com a alteração do ambiente pela ação humana
Grandes mamíferos como a anta brasileira são os primeiros a desaparecer com a alteração do ambiente pela ação humana

RIO - No último meio bilhão de anos, a Terra enfrentou cinco episódios de extinção em massa, nos quais até 96% das espécies de seres vivos do planeta simplesmente desapareceram. Todas elas tiveram “causas naturais”, sendo a mais conhecida, e recente, a que decretou o fim dos dinossauros, cerca de 65 milhões de anos atrás, que se acredita ter sido provocada pela queda de um imenso meteoro na região de Chicxulub, na atual da Península de Yucatán, México. Agora, no entanto, alguns cientistas creem que a Terra está atravessando um sexto processo de extinção em massa, desta vez tendo como responsável a humanidade.

Chamado de “extinção do Antropoceno”, este processo é tema de edição especial da revista “Science” desta semana, com quatro artigos que procuram identificar o atual ritmo de perda da fauna do planeta, possíveis soluções ou medidas para sua mitigação e seus efeitos tanto sobre o ambiente quanto sobre a própria sociedade humana. Em um deles, um grupo de pesquisadores liderado por Rodolfo Dirzo, da Universidade de Stanford, nos EUA, revisou diversos estudos recentes para mostrar as semelhanças da extinção do Antropoceno com as anteriores, tanto em termos de número de espécies perdidas quanto pela sua variedade em tamanho, grandes ou pequenas, e grupos taxonômicos afetados.

Segundo os pesquisadores, só nos últimos 500 anos pelo menos 322 espécies de vertebrados desapareceram do planeta. E, das estimadas 5 milhões e 9 milhões de espécies de animais da Terra, 11 mil a 58 mil estão sumindo anualmente. Mais preocupante ainda, porém, é a forte redução observada nas populações da maioria deles, em especial entre os invertebrados como insetos, menos estudados e conhecidos, mas com papel fundamental no equilíbrio e manutenção de ecossistemas e seus serviços ambientais. De acordo com os cientistas, 67% das poucas espécies de invertebrados monitoradas apresentaram um declínio médio de 45% na sua abundância nos últimos 35 anos, período em que a população humana do planeta dobrou.

— Tendemos a pensar em extinção como o desaparecimento de uma espécie, e isso é muito importante, mas há a perda de funções críticas dos ecossistemas nas quais os animais têm um papel central a que também devemos dar atenção — alerta Dirzo. — Ironicamente, temos considerado a perda de fauna um fenômeno críptico, mas creio que acabaremos em uma situação em que ela será não críptica devido às crescentes e óbvias consequências que isso terá sobre o planeta e o bem-estar humano.

Na revisão, os cientistas citam que invertebrados e pequenos vertebrados, como pássaros e anfíbios, são fundamentais em processos essenciais para a natureza e a sociedade, como polinização, controle de pragas, reciclagem de nutrientes e manutenção da qualidade da água. Ainda esta semana, dois outros levantamentos mostraram que cerca de 13% das espécies de aves do mundo estão na “lista vermelha” das ameaçadas e que o aquecimento global está reduzindo a população de leões-marinhos e mudando seu perfil genético.

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