terça-feira, 29 de março de 2011

Teólogo José Comblin, um dos teólogo da Libertação. Morre aos 88 anos.

Teólogo José Comblin morre na Bahia mas será enterrado em Arara, na Paraiba.

Padre belga, um dos teólogo da Libertação, viveu muito tempo na Paraiba
Morreu na manhã deste domingo (27), aos 88 anos, no município baiano de Simões
Filho (Região metropolitana de Salvador), o padre belga José Comblin, um dos
mais importantes teólogos da Teologia da Libertação em todo o mundo. Autor de
vários livros, entre eles “Teologia da Enxada”, uma corrente teológica surgida
em 1969 na Igreja Católica do Nordeste do Brasil e que tem como base a
reflexão a partir da realidade dos agricultores e famílias camponesas, foi
encontrado morto no quarto do local onde estava hospedado, por outros
religiosos que o aguardavam para a oração matinal e estranharam a sua demora.
Segundo informações dos religiosos, ele levantou-se cedo, tomou banho,
aprontou-se, mas não apareceu para a oração da manhã. Quando o procuraram,
encontraram-no sentado no quarto e já morto. O padre tinha problemas cardíacos
e usava marca-passo.
José Comblin nasceu em 22 de março 1923, mas trabalhava na América Latina
desde 1958. Devido às suas ideias, foi perseguido pelo regime militar
implantado no Brasil em 1964, chegando a exilar-se no Chile para fugir das
perseguições. Em 1972, voltou ao Brasil, onde foi preso e deportado para a
Bélgica. Só em dezembro de 2010 o pedido de sua deportação foi oficialmente
extinto pelo governo brasileiro. Atualmente, ele morava na cidade de Barra,
município às margens do Rio São Francisco, no interior da Bahia (a 807 kms de
Salvador).
O corpo do religioso belga está sendo velado em Salvador e será translado para
a Paraíba, onde será enterrado, de acordo com seus desejos, segundo informaram
porta-vozes da Arquidiocese de Barra.
José Comblin foi um dos seguidores e principais assessores de Dom Hélder
Câmara (de Pernambuco), o defensor dos Direitos Humanos e da opção da Igreja
pelos pobres que chegou a ser conhecido durante a ditadura brasileira como o
"bispo vermelho". Comblin participou do primeiro grupo da Teologia da
Libertação. Esteve na raiz das equipes de formação de seminaristas no campo em
Pernambuco e na Paraíba (1969), do seminário rural de Talca, no Chile (1978)
e, depois, na Paraíba, em Serra Redonda (1981). Estas iniciativas deram origem
à chamada Teologia da enxada.
Além disso, esteve na origem da criação dos Missionários do Campo (1981), das
Missionárias do Meio Popular (1986), dos Missionários formados em Juazeiro da
Bahia (1989), na Paraíba (1994) e em Tocantins (1997). É autor de inúmeros
livros, dentre eles “A ideologia da segurança nacional: o poder militar na
América Latina (Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978)”. O Instituto
Humanitas Unisinos (instituição ligada à Universidade do Vale do Sinos, de
Santa Catarina) acaba de publicar o Cadernos Teologia Pública nº 36,
intitulado Conferência Episcopal de Medellín: 40 anos depois, com a
conferência que o religioso belga proferiu em evento ali realizado.

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