Guilherme Paranaiba
Sandra Kiefer -
Publicação: 14/08/2013 06:00 Atualização: 14/08/2013 07:12
O caminho de Carlos até a recuperação: em fevereiro, o trabalho de assar pães na comunidade terapêutica, em Ravena, ajudou a ocupar a cabeça e a esquecer o crack |
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“O
que aconteceu comigo foi uma transformação”, diz Carlos, sorrindo. É o
dia seguinte à saída do rapaz do sítio em Ravena, distrito de Sabará, na
Grande BH, no qual ficou seis meses internado. A aparência está bem
cuidada. O primeiro compromisso marcado é uma visita a uma agência de
empregos no Centro de Belo Horizonte. Antes, passa na porta da escola
onde a mãe trabalha. A faxineira Maria de Fátima Becalli, de 54, abraça o
filho com força. “A melhora dele foi muito grande”, constata. “Sonho
que ele conquiste tudo de bom. Daqui para a frente é trabalhar.”
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Os cuidados são necessários. Antes de se tratar, Carlos “consumia crack compulsivamente”, nas palavras dele. O hoje segurança começou a fumar a pedra aos 19 anos, mas já tinha problemas com outras drogas. Começou a beber aos 12. O vício em crack se tornou pior em 2011. Durante um ano, ele praticamente morou na Pedreira Prado Lopes. Lá, fumava em qualquer lugar. Entrava em longas filas para comprar a pedra.
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Carlos atribui parte dos problemas que viveu a desarranjos familiares – ele não se dava bem com o padrasto. A experiência com crack, conta, ocorreu depois de uma desilusão amorosa. O rapaz diz que entre 2011 e 2012 a Pedreira Prado Lopes se tornou ambiente para esquecer problemas, mesmo com tantos riscos. “Se você estivesse dentro do beco, corria muito perigo. Eles (traficantes) atiravam sem se preocupar em quem acertar.”
O tratamento a que Carlos se submeteu no Centro de Recuperação de Dependentes Químicos (Credeq), em Ravena, começou em novembro do ano passado. Em todas as ocasiões em que a reportagem do EM esteve no sítio, ele parecia reagir bem. “Os dois primeiros meses foram os mais difíceis”, lembra. Uma das coisas que o ajudaram a esquecer o crack foi trabalhar na unidade de recuperação. Ele conta que se apaixonou pelo ofício de padeiro. À medida que o tratamento avançava, a perspectiva de voltar ao convívio social era o que animava Carlos. “Não virei santo. O ser humano está sujeito a falhas, mas com certeza vejo melhoras. Antes, posso dizer que respirava por aparelhos. Hoje, já consigo respirar por minha conta”, disse, em março, quando já havia completado quatro meses de internação.
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Carlos também arranjou uma namorada. Diz que a nova companheira o ajuda a ficar longe de problemas. Assim como as reuniões que frequenta, ainda como parte do tratamento. “Agora posso dizer que levo uma vida normal. Não preciso beber e usar drogas para viver.”
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