terça-feira, 17 de julho de 2012

Barulho de boate no Barro Preto vira pesadelo para moradores do Carlos Prates


Barulho de boate no Barro Preto vira pesadelo para moradores do Carlos PratesA casa noturna e as residências estão separadas pelo metrô, mas moradores afirmam que o barulho atrapalha as noites de sono. A prefeitura mediu o ruído na casa de um dos moradores, depois de dezenas de denúncias pelo Disque Sossego

Publicação: 17/07/2012 09:57 Atualização: 17/07/2012 10:50
Moradores da Rua Suassuí, no Bairro Carlos Prates, na Região Noroeste, estão sofrendo com o barulho da Boate Gis Club. A casa noturna fica na Rua Barbacena, no Barro Preto, Região Centro-Sul da capital. O estabelecimento e as residências são separadas pela linha do metrô e mesmo assim, a população afirma que o barulho atrapalha as noites de sono. 

A advogada Ana Carolina da Silva, moradora dessa rua, disse que os incômodos começaram no fim de 2011. Desde então ela relata com frequência os problemas para a Prefeitura de Belo Horizonte por meio do Disque Sossego, 156. Ela também já registrou boletins de ocorrência na Polícia Militar (PM), mas cansou de esperar soluções das autoridades. “Comecei a procurar vizinhos para saber se tinham reclamação sobre a boate. O som é tão alto que identifico quando toca Britney Spears, Jennifer Lopez ou Adele. Agora eles estão gritando, colocaram vuvuzelas e apitos” reclama.

Ana Carolina preparou uma petição, que foi assinada por 50 moradores, e encaminhou à Promotoria de Meio Ambiente e Patrimônio Histórico do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), PBH e PM. O documento relata o incômodo provocado pela casa noturna às sextas-feiras, sábados, domingos e feriados. “O áudio produzido pela referendada boate é alto suficiente para afetar o descanso de vários moradores. O som passa a ser insuportável a partir de 2h. A desordem prossegue até 5h, inclusive da madrugada de segunda-feira, dia em que, evidentemente, a maioria das pessoas inicia nova semana de trabalho”, consta no texto.

Cléber dos Santos Silva também é morador da Rua Suassuí e já ligou mais de 15 vezes para o Disque Sossego, junto com a família. “Escutamos o pessoal pulando, aquela farra. A turma lá passou a gritar: 'Eu mando aqui! Eu mando aqui!'”, conta. Um fiscal da Regional Centro-Sul da PBH esteve no apartamento dele, no último dia 23 de junho, para fazer as medições do barulho. O agente constatou que o índice está abaixo do valor considerado suficiente para autuar a boate. Mas, Cléber insiste que o som é audível e incomoda a vida da população. O morador também relatou problemas com outra casa noturna, que fica na Via Expressa, mas segundo ele, o barulho dessa boate não está incomodando tanto quanto a Gis Club.

A empregada doméstica Rosinele Araújo Ferreira trabalha e mora em um casa na Rua Suassuí. A janela do quarto dela está virada para a direção da boate, por isso ela afirma que passa noites em claro. Segundo Rosilene, a janela chega a tremer. “Eu trabalho o dia todo cansada, porque não dormi à noite”, relata. Ela também assinou o abaixo-assinado que acompanhou a petição entregue às autoridades. 

A advogada que elaborou a petição esclareceu no documento: “o que se requer não é jamais prejudicar a boate, mas que esta funcione sem causar prejuízos aos moradores vizinhos, uma vez que a tecnologia oferece recursos para sanar este problema”. 

O MPMG afirmou que a denúncia foi protocolada, mas o promotor responsável pela análise pediu um relatório de fiscalização para a prefeitura. A PBH tem até dia 15 de agosto para entregar esse documento.

A prefeitura disse que a boate tem alvará de funcionamento e está em situação completamente regular. O órgão confirmou todas as denúncias feitas pelos moradores no Disque Sossego e disse que há um relatório de vistoria em andamento desde o dia 30 de junho, após visita do fiscal no apartamento de um dos moradores. Na vistoria, realmente, não foi constatado barulho acima do permitido por lei. A Regional Centro-Sul disse que vai continuar as ações de fiscalização para constatar se há irregularidades na Gis Club.

A assessoria jurídica da boate informou que a Gis Clube em 12 anos nunca foi alvo de nenhuma reclamação de vizinhos e está localizada em uma área comercial em que não há residências. Disse que o local onde concentra todas as reclamações está a uma distância superior a dois quilômetros da boate. A assessoria jurídica acredita que o som do qual os moradores reclamam deve partir de outro local mais próximo ao Bairro Carlos Prates. Ainda informou que tem um “um excelente sistema acústico e que a curto prazo passará por uma grande reforma para modernizar ainda mais o mesmo, visando sempre o bem estar dos nosso frequentadores e de toda vizinhança”. 

Em vermelho a Rua Suassuí, em azul a boate Gis Club (Reprodução Google Maps)
Em vermelho a Rua Suassuí, em azul a boate Gis Club

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