Efeitos do El Niño pararam o crescimento de corais há 4 mil anos
Publicação: 06/07/2012 12:38 Atualização: 06/07/2012 13:14
Pesquisadores escolheram banco de corais do Panamá para análise e captar amostras |
Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores usaram regiões mortas de corais. “Com tubos de alumínio, extraímos registros históricos que remontam a 6 mil anos, o tempo total de vida dos recifes até agora”, explica Richard Aronson, diretor do Departamento de Ciências Biológicas da Flórida. Depois de analisar as amostras e a datação das diversas camadas de coral, os pesquisadores conseguiram determinar o processo de evolução dos recifes. “Descobrimos que os recifes cresceram rapidamente no início, há cerca de 6 mil anos, mas eles pararam de crescer abruptamente”, completa o especialista norte-americano.
Isso foi possível devido à estrutura de crescimento desses seres vivos. À medida que novas gerações de corais crescem, as mais antigas morrem e se calcificam, formando os recifes, a base de sustentação dos mais jovens. Assim, um recife é formado por camadas que, em um lento e longo processo, foram se sobrepondo, garantindo regiões de proteção e de alimentação para diversas espécies de peixes, em um tipo de ecossistema altamente diverso.
De posse dos dados de crescimento dos corais do Panamá, os pesquisadores cruzaram as informações com a evolução do El Niño, um evento climático que ocorre normalmente, mas que, devido às mudanças climáticas, vem se intensificando ano após ano. “Fomos capazes de vincular o colapso de ecossistemas de recifes de coral à maior variabilidade do El Ninho”, explica o pesquisador. “Tanto o El Niño quanto o La Niña foram mais extremos durante esse tempo (em que houve retração dos corais). Essas grandes oscilações no clima diminuíram em certa medida há cerca de 2 mil a 1,5mil anos, quando os recifes no Pacífico Oriental voltaram a crescer rapidamente”, explica.
Regiões em risco e até mesmo mortas serviram como ponto de partida do estudo |
A descoberta ajuda a entender não apenas a história dos berçários naturais dos oceanos. Funciona como uma alerta a respeito das consequências das mudanças climáticas. “Mesmo cenários conservadores preveem um aumento excessivo das condições climáticas. Já estamos vendo um aumento de eventos climáticos extremos”, conta o pesquisador . Isso significa que os ecossistemas de recifes de coral podem ser novamente fechados, como terminou há 2 mil anos na costa do Panamá, na Austrália, no Japão e em outras zonas do globo.
Para o especialista, a única salvação para que a situação não volte a se repetir, desta vez mais intensa, já que seria causada por ações humanas, são necessárias medidas que interrompam as mudanças climáticas. “Para salvar os recifes de coral, precisamos controlar emissões de gases estufa e, finalmente, reverter a mudança climática causada pelo homem”, opina Aronson. “Temos também de enfrentar os problemas locais de recifes de coral, como a pesca e o escoamento de água lodosa, rica em nutrientes da terra que destroem as estruturas”, completa.
FOTOSSÍNTESE COMPROMETIDAO fenômeno leva água quente para o Pacífico Oriental. Essas temperaturas em alto-mar podem atrapalhar o relacionamento de delicada simbiose entre os corais e as plantas microscópicas (as zooxantelas) que vivem dentro de seus tecidos e fornecem energia a partir da fotossíntese. Com os desequilíbrios causados pelas mudanças climáticas, o El Niño, que ocorria em esparsos períodos de tempo, está se tornando cada vez mais frequente, deixando os corais em perigo.
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