Sucessão de acidentes com carretas leva medo a motoristas no Anel Rodoviário
Publicação: 14/07/2012 06:00 Atualização: 14/07/2012 07:03
Os carros fazem de tudo para fugir de caminhões na descida do Betânia |
Nem mesmo quem fiscaliza os motoristas está livre do sentimento de medo que os consecutivos acidentes provocam. Na base móvel da Polícia Militar Rodoviária (PMRv), o soldado Prates viu a vida por um fio na quarta-feira, quando o caminhão-baú carregado com 12 toneladas de produto tóxico saiu arrastando tudo pela frente. “Quando vi o descontrole da direção, sem saber para onde o caminhão iria, tentei me proteger atrás da base. Mas não tinha nenhuma garantia de que o motorista não iria jogar o veículo justamente aqui. A insegurança não é só de quem está na via, mas também para nós que fiscalizamos. Já pedimos que seja instalada uma defensa metálica para nos proteger”, conta o soldado, que há apenas dois meses fiscaliza a via.
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Para as pessoas que trabalham às margens da rodovia a aflição é em dose dupla: além de não ter como fugir do perigo, ainda são obrigadas a presenciar desastres frequentes. “A sensação que a gente tem é de medo e impotência porque, infelizmente, as obras não passam de promessas. Mas nem sempre a culpa é só da rodovia, tem muito motorista imprudente ”, critica Aladim Pereira, de 30, empregado da Ferrosider, empresa instalada no ponto mais crítico do Anel Rodoviário, no Bairro Betânia.
Se o sentimento entre os motoristas é de medo, para os que vivem à margem do corredor a sensação é de descrença. A professora Rosita Lisboa diz que já perdeu as contas de quantas vezes teve o quintal invadido por caminhões e carros desgovernados. O muro de sua casa é reforçado com defensas metálicas que já impediram tragédias. “Meu trilho segurou uma carreta que iria matar a mãe e três crianças. Elas ficaram entre o muro da minha casa e o eixo do caminhão”, conta. Solicitada a analisar o problema, a professora é enérgica: “Até um cego sabe qual o problema aqui. Tem cinco pistas e, de uma hora para outra, viram duas. Onde já se viu uma marginal com esse fluxo de carros? Há um completo descaso com o Anel Rodoviário.”
O motorista Leonardo Farias Hilário, que provocou um dos piores acidentes no Anel Rodoviário em 28 de janeiro do ano passado, e as empresas proprietárias da carreta dirigida por ele foram condenados a pagar um indenização de R$ 21.948 por danos materiais a um empresário que teve seu veículo envolvido no acidente. O carro do empresário foi atingido na traseira e arremessado contra a mureta de segurança da rodovia, o que provocou o capotamento do veículo. A seguradora negou a cobertura dos estragos causados pelo acidente e o empresário decidiu cobrar dos responsáveis pelo caminhão as despesas com a remoção do veículo, conserto e desvalorização, além dos transtornos gerados pela impossibilidade de usar o automóvel. Os réus foram citados, mas não apresentaram contestação, sendo julgados à revelia. O juiz da 32ª Vara Cível de Belo Horizonte, Geraldo Carlos Campos, entendeu que as provas do processo demonstram a culpa do motorista da carreta pelo acidente, uma vez que ele não conseguiu diminuir a velocidade e atingiu vários veículos, entre eles o do empresário. O magistrado considerou que L.F.H. desrespeitou o Código de Trânsito Brasileiro ao agir de forma imprudente, descumprindo a norma de manter distância segura do veículo à frente. Essa decisão, de primeira Instância, está sujeita a recurso.
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