quarta-feira, 30 de maio de 2012

Projeto coletivo instalado no Edifício JK, Operação Sonia Silk está com três filmes independentes programados




Projeto coletivo instalado no Edifício JK, Operação Sonia Silk está com três filmes independentes programados

Filmes devem estrear ainda este ano nos cinemas e na televisão


Thaís Pacheco - Estado de Minas
Aline X/Divulgação
Cenado filme O uivo da gaita, dirigido por Bruno Safadi, com Mariana Ximenes, que está sendo montado em BH
No lendário Edifício JK, Região central de Belo Horizonte, entre os 5 mil moradores espalhados em mais de 1,1 mil apartamentos, há uma unidade em que um condômino recebe amigos para passar temporadas ou algumas horas produzindo cinema. E disposto a rever alguns formatos de produção. É lá que se realiza parte da Operação Sonia Silk, projeto que vai realizar três longas-metragens em formato HD, de forma cooperativa, com equipe e elenco comum. Para fazer tudo isso, eles têm R$ 100 mil e uma galera querendo trabalhar.

No elenco dos filmes, nomes de peso da TV, do cinema e do teatro. Entre eles, Mariana Ximenes, Leandra Leal, João Miguel e Jiddu Pinheiro. Por trás das câmeras, os cineastas Bruno Safadi, Felipe Bragança e Ricardo Pretti. O anfitrião no JK é o cineasta Guto Parente, responsável pela montagem do último longa de Bruno Safadi, O uivo da gaita, um dos três títulos da operação. “Juntei-me ao Ricardo Pretti para dirigir e, depois de gravar no Rio de Janeiro, viemos morar aqui no JK. Sonia Silk tem a proposta de trabalhar com a mesma equipe em todos filmes, e o irmão gêmeo de Ricardo, Luiz, que também vai ajudar a montar, mora em BH por ser casado com a cineasta Clarissa Campolina”, conta Bruno Safadi.

A diretora de arte do projeto, Luísa Horta, também é de BH, então estão quase todos em casa. Com planos de lançar os filmes no segundo semestre, a ideia da turma é, de alguma maneira, tentar um novo modelo de produção industrial. Não nos moldes dos grandes estúdios que o Brasil já teve, como a Vera Cruz, mas do ponto de vista experimental. “Não com característica de indústria, muito dinheiro e estúdios. Mas de algo que já se fez no país, com o objetivo de conversar com essa tradição de cinema experimental. Algo como o Ciclo de Cataguases e do Recife, e o grande capítulo dessa história, que é a Belair” explica Safadi.

A Belair, produtora de Júlio Bressane e Rogério Sganzerla, produziu Copacabana, mon amour, comédia em que a personagem protagonista se chama Sonia Silk. “Trabalhei muito com Bressane, fiz um filme sobre a Belair e a gente tem muito interesse nesse universo. Queremos rever essas tentativas de produções experimentais, manter a tradição e, ao mesmo tempo, renovar, para colocá-la para frente”, diz Bruno. Para alcançar o objetivo de refletir sobre como fazer cinema e pensar alternativas para além de leis de incentivo, eles se reuniram. De um lado, Ricardo e Luiz Pretti e Guto Parente e seus parceiros; do outro, as produtoras de Leandra Leal, Daza Cultural e do próprio Bruno. O Canal Brasil também entrou com patrocínio e comprou os filmes para exibir na TV e cinemas e distribuir em DVD.

Dinheiro bom “É outro tipo de realização independente, que chamamos de dinheiro bom, por não ser dinheiro incentivado nem público. É dinheiro privado e isso é muito legal. Gera uma luz para novos caminhos na realização cinematográfica. E isso traz muita força para a operação”, conta Bruno Safadi. A ideia é lançar os três filmes ao mesmo tempo. “Vamos fazer disso um acontecimento, mas antes das salas comerciais queremos participar de festivais nacionais e internacionais. Vamos ver as possibilidades. Assim que os filmes estiverem prontos, vamos mostrar. Tenho a impressão de que já há uma curiosidade muito grande sobre eles. Temos atrizes maravilhosas e pessoas no elenco e produção que causam muita curiosidade”, diz o diretor carioca, em temporada no JK.

Os três filmes da Operação Sonia Silk são O uivo da gaita, que discute o conceito da modernidade líquida e como ela se apresenta em um triângulo amoroso; Éden, que teve seu projeto premiado em 2011 no Cine BH e discute a salvação (ou não) pela Igreja Evangélica; e um documentário sobre esse processo,Metamancia. O neologismo vem de uma brincadeira com as etimologias de meta, “reflexão crítica sobre”, e mancia “adivinhação”. É esperar para ver.

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