quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Cinema.Na sexta edição, CineBH começa amanhã, fora do Santa Tereza, mas ocupando 12 espaços locais

Cinema.Na sexta edição, CineBH começa amanhã, fora do Santa Tereza, mas ocupando 12 espaços locais
Por toda cidade afora
Publicado no Jornal OTEMPO em 17/10/2012
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MARCELO MIRANDA
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FOTO: IMOVISION/DIVULGAÇÃO
Na sexta edição, a CineBH - Mostra de Cinema de Belo Horizonte, que começa amanhã, passa por uma radical adequação. Já solidificada no bairro Santa Tereza desde 2007, por contingências orçamentárias e por questões relativas a um ano de eleições municipais, o festival não teve condições de montar a estrutura necessária (chamada informalmente de "vila do cinema") na praça Duque de Caxias e no Cine Santa Tereza. Isso não impediu, porém, que a Universo Produção, capitaneada por Raquel e Fernanda Hallak, buscasse alternativas.

Por isso, e ironicamente, a CineBH de 2012 será a de maior ocupação urbana. Somando todas as
atividades do evento entre os dias 18 (amanhã) e 23 (terça da semana que vem), serão 12 espaços servindo à programação - que inclui filmes, oficinas, cursos, sessões de escola, palestras e lançamentos de livros.

"Quisemos continuar valorizando a ideia de cinema de rua e de utilização dos equipamentos culturais em Belo Horizonte. Por isso, foi tão importante conseguirmos nos inserir no Circuito Cultural Praça da Liberdade", destaca Raquel Hallak (confira os locais no quadro ao lado).

A ampliação dos lugares carregou consigo mais possibilidades de atração, tornando a sexta CineBH a de maior quantidade de filmes a serem apresentados - especialmente porque, há dois anos, a mostra decidiu ampliar o leque para produções internacionais. Com isso, serão 126 filmes, divididos em 43 longas-metragens, cinco médias e 78 curtas.

O grande destaque estrangeiro fica, certamente, para a retrospectiva integral da obra do francês Leos Carax, inédita no país. Serão cinco filmes assinados por ele e outro de episódios no qual ele fez um segmento. Em quase 30 anos de carreira, a produção de Carax é tão bissexta quanto expressiva e significativa. Ele estreou em 1984 com "Boy Meets Girl" e lançou em maio deste ano, em Cannes, "Holy Motors", que se tornou o filme-sensação do festival.

"O Carax tem um aspecto muito particular que é de fazer um cinema muito autoral com orçamento alto", destaca Pedro Butcher, curador da Mostra Contemporânea. "O maior exemplo foi justamente o filme mais famoso dele, ‘Os Amantes da Ponte Neuf’, cujo fracasso o deixou sem filmar por anos".

Butcher destaca em Carax sua característica de "pós-moderno", ainda que o termo esteja um tanto desgastado. "Ele mesmo não gosta que falem em ‘referência’ na relação com seus filmes, e tem razão. Como Quentin Tarantino, Carax consegue, em seus filmes, fazer a releitura de um vocabulário cinematográfico que ele ama, dentro de um universo com coerência interna muito forte e sempre bastante estranhos".

"Holy Motors" seria a súmula desse processo, ao mostrar, em clima surreal, um personagem que se traveste de outros de acordo com as circunstâncias. "É um filme claramente reflexivo sobre o estado da imagem hoje", define Butcher.

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