10 anos da morte de Roberto Drummond será lembrado com reedição de livros e documentário
O escritor mineiro foi o criador de Hilda Furacão e torcedor apaixonado do Atlético Mineiro.
No entanto, esperava, como se vê no fim da crônica, que a seleção canarinho se sagrasse vencedora: “Inglaterra é um adversário forte demais e vencer (ter vencido) o time de Beckham é carimbar o passaporte para o penta”. Mal sabia ele que o Brasil não só derrotaria os súditos da Rainha de virada e se sagraria campeão como quem faria o gol da vitória, Ronaldinho Gaúcho, é hoje o maior ídolo do seu time do coração, o Atlético Mineiro. Passados 10 anos da morte de Roberto Drummond, é momento de destacar sua obra, sua paixão pelo futebol, o convívio com a família e os amigos, e seu legado para a literatura nacional. Entre os eventos para lembrar a data estão os relançamentos dos livros Ontem à noite era sexta-feira e Inês é morta, este ano, e do romance Hitler manda lembranças, em 2013, pela Geração Editorial; um documentário dirigido por Breno Milagres sobre a vida do escritor, além de uma homenagem da torcida atleticana no dia 23, durante o jogo Atlético X Náutico, pelo Campeonato Brasileiro, no Independência. O jornalista, cronista e escritor Roberto Francis Drummond nasceu em Ferros, na Região Central do estado, em 21 de dezembro de 1933. Participou da chamada literatura pop, marcada pela ausência de cerimônias e pela proximidade com o cotidiano. Iniciou a carreira na extinta Folha de Minas, trabalhou noBinômio (onde conseguiu um surpreendente furo de reportagem, quando comprou um casal de nordestinos para provar que se explorava o trabalho escravo na região de Montes Claros), na revistaAlterosa e nos jornais Hoje em Dia, Última Hora, no Jornal do Brasil – em sua temporada carioca – e noEstado de Minas, em diferentes épocas. O destaque da sua primeira passagem pelo jornal, que durou 25 anos, foi a crônica esportiva, na coluna Bola na marca, assumida por ele em 1969. Além de cronista, foi repórter, vencendo dois prêmios Esso na década de 1960: com as reportagens “Interpretação econômica do futebol brasileiro” e “Mulher, receita mineira”. Foi subeditor dos cadernos “Segunda Seção” e “Turismo”. Voltaria em janeiro de 2001, escrevendo tanto para o EM Cultura quanto para o Esportes. Teve passagens na televisão, mas se consagrou mesmo como escritor. Seu primeiro livro, A morte de D.J. em Paris surpreendeu pelas inovações estilísticas e de linguagem e foi aclamado pela crítica e público. Considerada como um divisor de águas da literatura brasileira contemporânea, a obra rendeu ao autor o maior prêmio literário brasileiro da época, o Concurso de Contos do Paraná – que antes havia premiado Dalton Trevisan, Rubem Fonseca e Garcia de Paiva. Transformado em livro de contos, recebeu o Jabuti, como autor revelação, em 1975, e teve imediato reconhecimento acadêmico tanto no Brasil como no exterior. Seu grande sucesso literário foi Hilda Furacão, lançado em 1991 e que depois se tornou minissérie global revelando ao país nomes como o de Ana Paula Arósio e Thiago Lacerda. Atleticano fanático e apaixonado por Belo Horizonte, Roberto deixou a esposa, Beatriz, e a única filha, Ana Beatriz. E muitos amigos, que ainda hoje se emocionam ao falar de Roberto e relembrar suas histórias. “Roberto era uma figura humana fantástica. Gostava do jeito dele, muito curioso e engraçado”, recorda Ignácio de Loyola Brandão. |
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