terça-feira, 26 de junho de 2012

Barro Preto terá visual novo


Barro Preto terá visual novoTradicional polo de moda da capital vai ser revitalizado. Obras serão iniciadas em 2013 e custarão R$ 10 milhões. Comerciantes pedem estacionamento subterrâneo

Paula Sarapu
Publicação: 26/06/2012 06:00 Atualização: 26/06/2012 07:07
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Barro Preto terá visual novo (Divulgação PBH)
Barro Preto terá visual novo ()
O presente e o futuro: na Avenida Augusto de Lima o projeto da PBH prevê a retirada das grades, a recuperação do canteiro central e a criação de mais espaço para circulação dos pedestres

Um dos mais tradicionais bairros de Belo Horizonte ganhará nova roupagem. A prefeitura anunciou ontem investimento de R$ 10 milhões para revitalizar o Barro Preto, na Região Centro-Sul da cidade, privilegiando o pedestre. O projeto prevê o alargamento das calçadas, a instalação de bancos e plantio de árvores, trazendo glamour à região. A secretária municipal adjunta de Planejamento Urbano, Gina Rende, diz até que o lugar poderá receber desfiles de moda. Para minimizar possíveis transtornos durante as obras, o edital de licitação, que está em conclusão, vai conter exigências definidas com comerciantes da região. Diante dos problemas enfrentados na Savassi, os lojistas, desta vez, poderão opinar sobre o cronograma da obra. A prefeitura prometeu ouvi-los também em relação à antecipação da construção do estacionamento subterrâneo na Praça Raul Soares, uma vez que a revitalização vai extinguir vagas, principalmente na Rua Mato Grosso.

A verba chega à capital por uma emenda da bancada federal mineira: R$ 8 milhões do Ministério do Turismo e R$ 2 milhões de contrapartida do município. As obras devem começar no início do ano que vem, com duração prevista de pelo menos um ano, dependendo da aprovação do cronograma. O desafio é saber como evitar prejuízos aos comerciantes e transtorno às compras de cerca de 350 mil frequentadores que vão ao Barro Preto diariamente. Outra preocupação é a perda de vagas nos 2,7 quilômetros de intervenção em 20 trechos de ruas.

Segundo Gina Rende, a Rua Mato Grosso será a mais atingida pelo estreitamento da via, redução no estacionamento e ampliação das calçadas, que serão niveladas e ganharão bancos e requisitos de acessibilidade, além de elevação no piso para travessia. A Rua Araguari também terá menos vagas, sobretudo no lado de embarque e desembarque de linhas de ônibus. A secretária não soube dizer quantas vagas deixarão de existir e argumentou que há estacionamentos privados ociosos na região. Ela justifica que as vagas retiradas são de cinco horas, basicamente usadas, segundo ela, por comerciantes e seus funcionários.

“Será uma área de estar, como a Savassi. A grande mudança será nas calçadas, que passarão a ser mais generosas, humanizadas, com iluminação compatível e bancos, tornando o ambiente mais acolhedor. Não podemos fechar a rua 100% por causa dos moradores, coleta de lixo e carga e descarga. Haverá, claro, paradas específicas para táxis e caminhões”, diz a secretária.

O presidente da Associação Comercial do Barro Preto (Ascobap), José Paulino, afirma que o projeto atende à demanda dos comerciantes, mas está receoso com o período de obras. “A moda mineira estava esquecida no Brasil e vamos valorizá-la com essa obra de revitalização. Mas a moda tem glamour e todo mundo quer saber como vai vender roupas com obra e poeira na porta”, questiona.

Para a Fecomércio, a área de abrangência poderia ser maior, atingindo toda a extensão da Avenida Augusto de Lima. A preocupação, no entanto, é para que não aconteça como na Savassi. “Temos que aprender com os erros. Não queremos repetir os transtornos da Savassi no Barro Preto. Aqui geramos 100 mil empregos”, afirma o vice-presidente da Fecomércio, Lúcio Faria.

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Barro Preto terá visual novo (Divulgação PBH)
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O projeto prevê melhorias na Avenida Augusto de Lima e ruas Tupis, Goitacazes, Guajajaras, Timbiras, Araguari, Ouro Preto e Mato Grosso. Além da racionalização das vagas, haverá tratamento especial nos cruzamentos da Augusto de Lima e Mato Grosso, com piso elevado e sinalização adequada para a travessia de pedestres. Ainda na Mato Grosso, a ideia é fazer uma área de convivência com bancos e árvores. As grades serão retiradas e os pedestres ganharão mais espaço nas esquinas. Já na Augusto de Lima, o canteiro central será recuperado e a barreira de concreto que divide a rua com a Mato Grosso será retirada, dando uma sensação de continuidade ao polo da moda.

Restrições da Comunidade
Os comerciantes e empresários poderão participar da elaboração das exigências que constarão no edital, no que diz respeito principalmente à forma como a obra será executada, de uma vez ou por etapas. O prefeito Marcio Lacerda acompanhou a divulgação do projeto e disse que a empresa vencedora terá que obedecer  as restrições acordadas com a comunidade local. Questionado sobre a possibilidade de antecipar a construção do estacionamento subterrâneo do bairro, previsto para 2015, ele disse que vai conversar com os empresários em audiências públicas. O estacionamento terá cerca de 400 vagas.

“Existe uma tendência mundial de tratar melhor o pedestre e o Centro precisa ser mais amigável. Precisamos conversar para estipular o impacto da sujeira, do barulho, da dificuldade de circulação com as obras de revitalização. Na Savassi, tivemos problemas com a empresa, mas desta vez as exigências estarão no edital para melhorar a qualidade dessa obra”, explica o prefeito. “Também vamos aproveitar as consultas públicas da redação final do edital do estacionamento subterrâneo para discutir se há como antecipar  a execução das obras.”

Para a secretária-adjunta Gina Rende, o melhor é fazer a obra de uma vez. “Nosso maior problema é com o subsolo. A encrenca fica com a água, esgoto, telefonia. A obra feita de uma só vez é mais curta. Acho que será mais simples que a da Savassi, que estava muito concentrada.”

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