terça-feira, 26 de junho de 2012

Faltam de médicos a sabonete e toalha na rede de saúde públicaUnidades públicas de atendimento em municípios com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) enfrentam forte precarização


Faltam de médicos a sabonete e toalha na rede de saúde públicaUnidades públicas de atendimento em municípios com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) enfrentam forte precarização

Grasielle Castro
Publicação: 26/06/2012 07:55 Atualização:
Os indicativos em baixa das cidades com os menores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do país mostram que a solução para o problema parece estar longe. Pelo menos foi isso o que os conselhos de medicina detectaram ao traçar a radiografia da qualidade dos serviços em municípios pobres de 14 estados brasileiros. As 500 pessoas entrevistadas em 43 municípios, sem um recorte específico de público, confirmaram que faltam remédios, estrutura, produtos básicos, como sabonete e toalhas de papel, e médicos.

Para essa população, a qualidade da saúde pública merece nota 5,29, em uma escala de zero a 10. Já os serviços públicos em geral, incluindo facilidade para arrumar emprego, diversão e combate à corrupção, ganharam nota 4,81.

“Não é um questionário com rigor científico, mas de percepção da população”, disse o coordenador do levantamento, Ricardo Paiva, que é membro do Conselho Regional de Medicina de Pernambuco e participa da Comissão de Assuntos Sociais do CFM. Segundo Paiva, não houve recorte por renda, escolaridade nem qualquer critério estatístico na seleção dos entrevistados. Desse modo, não há garantia de que a opinião desses moradores represente a opinião do conjunto da população dos 43 municípios.

Nenhuma cidade do Rio de Janeiro participou do levantamento. O único estado do Sudeste foi São Paulo, com três municípios: Barra do Chapéu, Itapirapuã Paulista e Ribeirão Branco. O CFM não divulgou a íntegra do relatório sobre as inspeções nas unidades de saúde. A justificativa é que as falhas encontradas poderão embasar auditorias, o que é feito sob sigilo. Paiva deixou claro, porém, que é baixa a qualidade dos serviços de saúde: “O que chama a atenção, primeiro, é a precarização dos serviços. É o fato de você chegar lá e não encontrar estrutura mínima adequada. Segundo, não ter médicos”, declarou ele.

O 1º vice-presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Carlos Vital, afirmou que, além da situação da saúde, esses fatores estão diretamente relacionados à qualidade de vida das pessoas. Durante as visitas, os conselhos regionais ouviram queixas com relação a más condições de trabalho, abuso sexual, violência, drogas, racismo, falta de saneamento básico e o pedido por uma cidade mais saudável. “Focar na assistência à saúde é a melhor forma de combater a desigualdade social”, disse.

POLÍTICAS Diante deste cenário, o conselho espera influenciar os políticos neste ano eleitoral para que saiam da discussão partidária e debatam itens palpáveis que afetam o dia a dia do brasileiro. Entre as sugestões dos médicos está a adoção do estudo de direitos humanos na escola, investimento no transporte fluvial onde há dificuldade no acesso, dobrar o saneamento em quatro anos, criar cooperativas para trabalho e investir na educação, com programas federais como o Pronatec, que incentiva a formação técnica.

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