Dentistas vão parar no dia 25 de outubro Profissionais fazem coro com médicos para reivindicar reajuste nos repasses. Fisioterapeutas pretendem ir à Justiça
Marinella Castro -
Publicação: 12/10/2012 06:00 Atualização: 12/10/2012 07:11
Antônio Antinarelli enfrenta dificuldade para obter cobertura, agendar consultas e até para mudar de plano |
As entidades de coordenação do movimento médico apostam em uma adesão entre 60% e 80% ao movimento, mas só na terça-feira a Associação Médica de Minas Gerais (AMMG) deve divulgar um balanço da paralisação iniciada na quarta-feira com duração prevista até 18 de outubro. Lincoln Lopes, presidente da AMMG, reforça que a orientação é para que os médicos não atendam pelos planos de saúde. A opção é a consulta gratuita ou particular, com preço sugerido de R$ 80 (que é o valor reivindicado pela categoria. Na média, os planos de saúde pagam cerca de R$ 45 por consulta). Na pauta dos dentistas o pleito é o mesmo. A categoria cobra das operadoras reajuste no valor da consulta, dos atuais R$ 12, para R$ 65.
Em meio ao fogo cruzado, o consumidor deve evitar o pagamento. Como explica Danilo Santana, presidente da Associação Brasileira de Consumidores (ABC) o reembolso pode não ser garantido.
O aposentado do DNER Antônio Antinarelli, de 94 anos, vai desembolsar cerca de R$ 500 em menos de um mês. Há duas semanas ele pagou R$ 250 por uma consulta com um pneumologista e no dia 19 o desembolso será de R$ 230 para um oftalmologista. Mesmo apelando para a assistência social de seu plano de saúde ele afirma que não conseguiu agendar as consultas. O pior é que a mensalidade do plano dele foi corrigida, de uma só vez, em 187,88%, suficientes para quase triplicar o valor do plano, de R$ 263 para R$ 758 mensais. “Os médicos recebem R$ 46 do plano, o que cai para R$ 23 em caso de retorno. Na consulta particular, cobram entre R$ 200 e R$ 300. Não querem atender os planos. É só particular.”
Antinarelli aponta outras fragilidades do sistema. Depois de ter sido surpreendido pelo reajuste de mais de 180% para o plano que dá cobertura a ele e à esposa, foi obrigado a migrar de categoria. “Agora eu estou na pior categoria possível. Não tenho direito a quase nada. Se for internado em um hospital, terei que pagar 70% do valor dos custos.” A peregrinação não termina por aí. Antônio já tentou trocar de plano de saúde porque não está satisfeito com a operadora Geap, mas foi barrado pelo mercado. “Todos me disseram que só aceitam pessoas até 80 anos. Não tem jeito para mim. Tenho que ficar onde estou. A sorte é que tenho boa saúde.”
A operadora Geap informou que o antigo valor pago pelo aposentado era inviável para o custeio do sistema. “Em virtude de uma análise atuarial, a Geap adotou uma nova forma de custeio. É importante destacar que os valores praticados pela Geap ainda são considerados os menores do mercado.” Quanto à dificuldade de agendamento de consulta, a operadora informou que disponibiliza o seu call center para promover a marcação. “Quanto ao pagamento particular, o usuário pode solicitar o reembolso, conforme tabela adotada pela fundação.”
Consumidor deve acionar autoridades
No complexo sistema que envolve a saúde não é apenas a data da consulta que desafia o usuário. Reajustes das mensalidades, reembolsos e a entrada em planos de saúde, no caso dos pacientes mais velhos, especialmente maiores de 65 anos, também estão na teia dos conflitos. Segundo o presidente da Associação Brasileira de Consumidores (ABC), Danilo Santana, os usuários que não conseguirem marcar consultas dentro do prazo legal e estiverem frequentemente pagando pelos atendimentos que forem impedidos de participar de convênios médicos por motivos que julgarem indevidos ou mesmo que tiverem reajustes considerados abusivos devem procurar o Ministério Público estadual.
Segundo súmula da ANS publicada em 2011, a comercialização de planos privados de assistência à saúde por parte das operadoras “não pode desestimular, impedir ou dificultar o acesso de beneficiários em razão da idade, condição de saúde ou por portar deficiência. Os locais de comercialização ou venda de planos de saúde devem estar aptos a atender a todos os potenciais consumidores que desejem aderir, sem qualquer tipo de restrição.”
Iisidro Alvarez, diretor do recém-criado Sempefito, sindicato que representa as empresas de fisioterapia e terapia ocupacional, aponta que o valor de R$ 6 pagos por uma sessão de 45 minutos de fisioterapia tem inviabilizado o negócio e prejudicado pacientes. “Se a negociação não avançar, vamos mover ações de conciliação.”
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