quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Ficha Limpa. Chefes do Executivo têm preocupação em deixar as contas em dia para eventual novo mandato Cofre fechado de olho no futuro

Ficha Limpa.Chefes do Executivo têm preocupação em deixar as contas em dia para eventual novo mandato
Cofre fechado de olho no futuro
Gestores confirmam manter só gastos essenciais, como a folha de pagamento
Publicado no Jornal OTEMPO em 17/10/2012
Avalie esta notícia » 
2
4
6
8
ISABELLA LACERDA
A
A
FOTO: WILSON DIAS/ABR -15.5.2012
Paulo Ziulkoski orienta os gestores a acabar com gastos absurdos
Galeria de fotos
Não é apenas para deixar os cofres do município em dia para a próxima gestão que os prefeitos não reeleitos começaram a cortar as despesas da administração municipal nessa reta final de mandato. Apesar de justificarem a economia como a única forma de adequar as contas à Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), esses agentes públicos estão ainda mais preocupados em manterem o nome limpo para uma eventual nova candidatura.

É que caso a LRF seja descumprida, a punição é dada ao prefeito, que pode passar a responder a processos por improbidade administrativa, correndo o risco de se tornar ficha suja.
"Se você deixar um débito, o prejudicado é o gestor. É o nome dele que vai ficar sujo. É ele que vai responder na Justiça, mais ninguém. Por isso, é preciso fazer essas adequações mesmo que isso cause um desgaste", explica o presidente da Associação Mineira de Municípios (AMM) e prefeito de São Gonçalo do Pará, Ângelo Roncalli (PR).

Segundo ele, os casos mostrados ontem por O TEMPO, quando ocorreram demissões de funcionários, suspensão de pagamentos e falta de serviços, serão, a partir de agora, uma constante nas cidades mineiras. "Isso vai acontecer na maioria absoluta dos municípios: serão reduzidos os cargos comissionados e de confiança, não serão pagas horas extras nem novos serviços serão assinados", garante, destacando que a função dos prefeitos, até o fim do ano, será apenas a de "arcar com a folha de pagamento e varrer as ruas".

Valmir Morais (PTB), presidente da Associação dos Municípios da Área Mineira da Sudene, onde muitas cidades já iniciaram os cortes, diz que, a partir de agora, só vão funcionar os serviços mais essenciais. "Saúde, limpeza urbana, transporte escolar e educação não vão faltar. De resto, mais nada, como forma de fechar as contas sem estar no vermelho".
Abusos. Segundo o presidente na Confederação Nacional dos Municípios (CNM), Paulo Ziulkoski, a própria entidade orienta os gestores públicos a acabar com os gastos mais absurdos nessa reta final, mas ele admite que algumas promessas feitas ao longo do mandato acabam exigindo que seja poupado mais do que o necessário. Ele cita o pagamento de transporte escolar para universitários que estudam em cidades próximas, como aconteceu em Nova Serrana, como uma promessa além do que seria de responsabilidade do prefeito.

"Algumas promessas o prefeito não deveria fazer. A população não sabe o que compete ao município fazer, então, quando esse benefício é cortado por conta da contenção de gastos, eles não conseguem entender. Acham que é uma questão política. Essas pequenas coisas estouram os cofres e se tornam um grave problema", afirma.

Nenhum comentário: