Ate quando existira esses contrastes???
Censo 2010 mostra os extremos e os contrastes de Minas Gerais
O censo do avanço IBGE mostra estado capaz de ostentar taxas de desemprego zero e alta escolaridade... do atraso... No mesmo território que tem cidades onde computadores e internet parecem ficção
Publicação: 07/05/2012 06:29 Atualização: 07/05/2012 07:26
Vitor hugo Sanson de Ouro Branco: ligado à Internet x Juventino da Silva e Laurinda de Oliveira, de Bonito de Minas: desligados da rede de água
Imagine um estado onde a taxa de emprego atinge nível zero, o índice de frequência a curso superior é quase o dobro da média nacional e o acesso a infraestrutura básica e a bens de consumo está perto do ideal. Agora pense em um lugar de situação completamente oposta, com muita gente se desdobrando para garantir uma ocupação, salários menores que o mínimo, escolaridade abaixo do desejável e serviços públicos incapazes de fornecer o básico. Os últimos dados do Censo 2010, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram uma Minas Gerais de extremos. Mas a evolução e a estagnação ganharam nova geografia na última década, com focos de desenvolvimento atingindo as regiões Norte e os vales do Jequitinhonha e Mucuri, áreas historicamente mais carentes. Mas, se por lá o progresso avançou, na Zona da Mata ele andou a passos bem mais lentos, segundo o IBGE.
Entre os índices que levaram o instituto a perceber uma situação que beira o retrocesso nessa região está o desemprego. Acaiaca e Barra Longa são as duas cidades com o maior percentual de gente sem trabalho em Minas – 22% e 19%, respectivamente. Para a demógrafa Luciene Longo, analista do IBGE, a redistribuição da riqueza é um novo fenômeno em Minas. “A Zona da Mata não avançou como outras regiões, mas não há nada que possamos apontar como explicação. As atenções acabaram se voltando para o Norte e os vales do Mucuri e Jequitinhonha. Por serem regiões que estavam bem atrasadas, os saltos são maiores”, afirma.
Bonito de Minas aparece na última posição em abastecimento de água Mas, se algums aspectos sofreram mudanças, outros permanecem inalterados. O estado manteve, na última década, o título de miniatura do país. As médias mineiras são bem próximas das nacionais, mostrando que o que se passa em território mineiro reflete diretamente a situação brasileira, da frequência à escola ou creche (31,23% no Brasil e 28,99% no estado), passando pelo rendimento médio mensal (R$ 1.340,48 no Brasil e R$ 1.212,73) até o percentual de domicílios com computador e acesso à internet (30,73% no país e 29,47% no estado).
A semelhança não está só nos números, mas abrange a questão social e econômica. “O Norte e o Nordeste do estado se parecem muito com essas mesmas regiões do país. O Triângulo se assemelha ao Centro-Oeste. Já o Sul é parecido com o Sul e o Sudeste, especialmente o Rio de Janeiro e São Paulo. O próprio sotaque nesses lugares revela isso”, destaca Luciene Longo. E se a análise desses aspectos revelam muito em comum, deixam claras também as disparidades.
Altos e baixos
Assim como no Brasil, municípios da porção Norte do estado têm os maiores percentuais de moradias sem água encanada. Bonito de Minas encabeça a lista, com 36,2%. O casal de aposentados Juventino Francisco da Silva, de 83, e Laurinda Pereira de Oliveira, de 80, sabe bem a dificuldade de viver dependendo de uma fossa e de recorrer ao balde até para recolher a água de cozinhar e beber, debaixo de uma árvore no fundo da casa.
No outro extremo estão cidades que há muito já superaram as questões do fluxo de água nas casas e agora se preocupam com o fluxo de dados. É o caso de Ouro Branco, na Região Central, o município do interior com maior acesso à internet. É lá que moradores como o estudante Vitor Hugo Oliveira Sanson, de 26, disfrutam das últimos lançamentos do mercado de informática.
Mas, mesmo que se considere a porção desenvolvida do estado, há muito ainda em que avançar. Para Luciene Longo, qualquer ganho da última década ainda deixa a desejar e o estado precisa de melhorias, como a escolaridade. “Ainda temos 50% da população sem instrução ou que não completou o ensino fundamental. A maioria são pessoas mais velhas, mas há muitos meninos na faixa dos 14 anos. Chegar a níveis mais altos é um processo que ainda vai demorar”, conclui
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