sexta-feira, 1 de junho de 2012

7ª CineOP divulga programação oficial


A CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto chega à sua sétima edição, de 20 a 25 de junho, apresentando uma programação abrangente e gratuita que reúne 70 filmes – 15 longas, 3 médias e 52 curtas – que serão exibidos durante seis dias do evento em 36 sessões em três espaços ouropretanos - o Centro de Artes e Convenções, a Praça Tiradentes e o precioso Cine Vila Rica, fundado em 1957, e ainda hoje uma referência entre as salas de exibição que resistiram ao tempo no interior de Minas Gerais.

“A 7ª CineOP coloca novos paradigmas em debate. Tem o propósito refletir a transição da era da película para a era do digital. Coloca em discussão os desafios que se apresentam para o futuro no campo da preservação audiovisual e reafirma ser um fórum colaborativo que pretende contribuir para a construção de uma cultura audiovisual democrática, afirma Raquel Hallak, diretora da Universo Produção e coordenadora geral do evento.

Pensadores, gestores e atores do cinema brasileiro. A CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto homenageia três personalidades multifacetadas, que atuaram em diversas frentes no cinema brasileiro desde a década de 60. Personagens fundamentais de nossa cinematografia, que ajudaram não apenas a construí-la, mas também a estudá-la, personificá-la e preservá-la. Gustavo Dahl, Roberto Farias e Reginaldo Faria representam e sintetizam diversos campos do fazer cinematográfico e estiveram presentes nos momentos mais importantes do cinema pós-Anos 50.

“A homenagem aos três realizadores e as discussões sobre suas atividades, iniciadas entre os anos 1950 e 1960, cobre um período de grandes transformações e tensões dentro e fora da tela. Do fim da chanchada à eclosão do Cinema Novo, do desgaste do Cinema Novo ao advento da Embrafilme, do desgaste da Embrafilme à retomada cética nos anos 1990, quando eles saem de cena nos sets de cinema como diretores e vão se dedicar à suas outras atividades, o trio expõe em seus percursos as forças e fragilidades do cinema brasileiro e do país desde antes do golpe militar até o período da democratização”, afirma Cléber Eduardo, curador da temática histórica da CineOP.

Gustavo Dahl, morto em 2011 e um dos principais colaboradores das últimas edições da CineOP, talvez seja aquele que melhor encarne essas múltiplas facetas do cinema brasileiro. Montador, cineasta, crítico e gestor cultural, Dahl contribuiu ativamente para a construção de nossa cinematografia ao longo das últimas seis décadas. De sua atuação cineclubista e junto à Cinemateca Brasileira (ao lado de personalidades como Jean-Claude Bernardet e Paulo Emílio Salles Gomes) no final dos anos 1950, passando pela atividade crítica no início dos anos 1960 (com especial atenção ao então nascente Cinema Novo, do qual foi um dos principais divulgadores na Europa), pela realização no final dos anos 1960 e início dos anos 1970 (com títulos como O Bravo Guerreiro e Uirá – Um Índio em Busca de Deus), e desaguando na atuação política junto à Embrafilme, à Associação Brasileira de Cineasta, ao Conselho Nacional de Cinema, ao Congresso Brasileiro de Cinema, à Agência Nacional do Cinema e, derradeiramente, junto ao Centro Técnico Audiovisual, Dahl foi uma figura permanentemente presente no cerne das discussões sobre o audiovisual brasileiro.

Talvez o  homenageado mais conhecido junto ao grande público, em função de seu trabalho como ator em cinema e TV, Reginaldo Faria esteve em evidência desde o início dos anos 1960, seja em seus trabalhos em telenovela (como Dancin’ DaysVale TudoVampe e A Próxima Vítima), seja em filmes (onde se destacamCidade Ameaçada O Assalto ao Trem Pagador, ambos dirigidos por seu irmão Roberto Farias, além de clássicos como Porto das Caixas e Lúcio Flávio – Passageiro da Agonia). Mas Reginaldo não se restringiu à atuação e passou para trás das câmeras a partir do final dos anos 1960, com filmes como Os Paqueras Os Machões, comédias urbanas que, apesar de atualmente relegadas ao esquecimento hoje, são fundamentais para se entender o cinema daqueles anos duros.

Já o irmão Roberto Farias, que iniciou sua carreira na direção cinematográfica no período de declínio da chanchada, com filmes como Rico Ri à Toa e Um Candango na Belacap, atingiu grande sucesso de público com películas como Assalto ao Trem Pagador e a trilogia com Roberto Carlos. Atuou também na distribuição cinematográfica, primeiro com a DiFilm (criada em 1965 em parceria com Luiz Carlos Barreto, Walter Lima Jr e Glauber Rocha, entre outros, numa tentativa de superar as barreiras que desde aquela época impediam que a produção nacional encontra-se seu lugar junto ao público) e, posteriormente, com a Ipanema Filmes. Assim como Gustavo Dahl, atuou também ativamente na política cinematográfica, em especial junto à Embrafilme, onde atuou como diretor-geral entre 1974 e 1978.

“Em 2012, Dahl está vivo na memórias de suas ações, mas já ausente dos debates presenciais do CineOP. Roberto permanece participante das discussões centrais, sem receios de controvérsias e de assumir suas posições, desagrade a quem desagradar, enquanto Reginaldo está de volta à direção, com seu recente O Carteiro, sem ter deixado de continuar a frente das câmeras, sobretudo na TV Globo”, conclui Cléber Eduardo.

Os três homenageados da 7aCineOP estarão presentes no evento tanto em mesas de debate quanto nas telas de cinema. Dahl será tema do debate “Gustavo Dahl e a Preservação Audiovisual”, cujo enfoque se dará sobre sua atuação na área da preservação, de seu trabalho junto à Cinemateca Brasileira à gestão do Centro Técnico Audiovisual”. Já Roberto e Reginaldo terão seus trabalhos analisados na mesa “Os Gêneros dos Irmãos Farias”, que contará com a presença dos dois homenageados e do crítico e pesquisador José Carlos Avellar.

Nas telas, o público poderá acompanhar O Bravo Guerreiro, de Gustavo Dahl; Barra Pesada e O Carteiro, de Reginaldo Faria; e Cidade AmeaçadaO Assalto ao Trem Pagador Pra Frente Brasil, de Roberto Farias, filmes que traçam um amplo e interessante panorama não apenas da carreira dessas três personalidades homenageadas, como também da produção cinematográfica brasileira dos últimos 60 anos.

PRODUÇÃO CONTEMPORÂNEA EM EXIBIÇÃO NA 7ª CINEOP

Além da exibição dos filmes em homenagem a Gustavo Dahl, Roberto Farias e Reginaldo Faria, a produção contemporânea também marca presença na 7aCineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto. Serão ao todo mais 64 filmes, entre longas, médias e curtas, exibidos ao longo dos seis dias de programação do evento.

Entre os longas estão A Cidade é Uma Só?, de Adirley Queirós (grande vencedor da última Mostra Tiradentes);A Mulher de Longe, de Luiz Carlos Lacerda; Dino Cazzola – Uma Filmografia de Brasília, de Andrea Prates e Cleisson Vidal; Vou Rifar Meu Coração, de Ana Rieper; e Jorge Mautner – O Filho do Holocausto, de Pedro Bial e Heitor d’Alincourt.

Já os curtas representam a diversidade da produção nacional, com obras de dez estados brasileiros, divididas nas mostras Venturas (com os curtas mais representativos da atual safra), Horizontes (com um panorama dessa diversidade da produção curta-metragista), Curtas na Praça (com exibições ao ar livre), Nova Geração (para a criançada) e Juvenil (para crianças e jovens a partir de 12 anos).

Clique aqui para conferir a programação completa no site da Mostra.


Fonte: Cineplayers.

Nenhum comentário: