Mubarak é condenado à prisão perpétua no Egito

Mubarak é condenado à prisão perpétua no EgitoTribunal egípcio considerou o ex-presidente culpado de implicação no massacre de manifestantes durante a revolta de janeiro de 2011

Estado de Minas

Publicação: 02/06/2012 08:14 Atualização: 02/06/2012 14:53

O advogado do ex-líder egípcio informou que apelará da sentença

Depois de uma ditadura de três décadas e de 10 meses de julgamento, um tribunal egípcio considerou o ex-presidente do Egito, Hosni Mubarak, de 84 anos, culpado pelo massacre de manifestantes durante a revolta de janeiro de 2011, que terminou na sua renúncia, e o condenou à prisão perpétua.

O ex-ministro do Interior Habib el-Adli recebeu a mesma sentença, enquanto seis funcionários de alto escalão dos serviços de segurança foram absolvidos. Os filhos de Mubarak, Alaa e Gamal, julgados ao mesmo tempo por corrupção, não foram condenados pelo tribunal, que considerou que os crimes prescreveram. O ex-dirigente também foi absolvido em um dos casos de corrupção.

Após a decisão do tribunal, o advogado do ex-líder egípcio informou que apelará da sentença. ''O veredicto está cheio de erros jurídicos", indicou à AFP Yaser Bahr.

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Mubarak, que já foi de maca ao tribunal, na verdade está bem de saúde e vive com conforto em um hospital onde pode receber parentes, caminhar no jardim e fazer exercícios, segundo relatos da imprensa local. A informação foi inicialmente veinculada pelo jornal egípcio Al Watan, e posteriormente corroborada por um funcionário do Centro Médico Internacional do Cairo, de acordo com o qual o ex-ditador ocupa uma ampla suíte com quartos anexos para visitantes, piscina e moderna academia de ginástica. O jornal informou que o ex-presidente deposto tem recebido visitas de líderes de países árabes do Golfo Pérsico. Outros jornais egípcios já vinham informando nos últimos meses que Mubarak, que oficialmente está preso, tem a saúde bem melhor do que aparenta quando vai ao tribunal de maca.

Em janeiro, a promotoria pediu a pena de morte para o ex-presidente por supostamente ordenar ao ministro do Interior disparar armas de fogo contra os manifestantes pacíficos e incitar a matá-los com o pretexto de dispersar pela força os protestos que pediam a queda de seu regime. Durante os últimos quatro meses, os juízes realizaram deliberações e revisaram as 70 mil páginas do arquivo do caso. O chamado julgamento do século no Egito começou em 3 de agosto de 2011, após a detenção de Mubarak e de seus filhos, em abril desse ano, na localidade litorânea de Sharm el-Sheikh.

Nas retinas dos egípcios ficará certamente a imagem do líder deposto, com pijama e deitado em uma maca, acompanhando as audiências. Mubarak está internado no Centro Médico Internacional do Cairo, após sofrer um ataque cardíaco durante interrogatórios judiciais em abril de 2011, de onde foi transferido em helicóptero para Academia de Polícia sempre que precisava comparecer perante o juiz. Seus filhos, Al Adli e os demais acusados estão presos na prisão de Tora, onde estão detidos vários dirigentes do antigo regime. Nada menos do que 5 mil policiais e 2 mil soldados serão mobilizados para garantir a proteção do tribunal para onde Mubarak deve ser transportado de helicóptero.