domingo, 17 de junho de 2012

Observadores deixam a Síria


Observadores deixam a SíriaONU suspende monitoramento do conflito no país árabe, devido à escalada da violência, que já matou 14 mil pessoas em 15 meses de conflito entre forças do regime e rebeldes

Publicação: 17/06/2012 09:05 Atualização:
Observadores da Organização das Nações Unidas (ONU) que estão monitorando o conflito na Síria suspenderam ontem as operações em resposta à escalada da violência, que ameaça arruinar o plano de paz acertado pelo mediador internacional Kofi Annan. O chefe dos monitores, general Robert Mood, disse que a luta representa uma ameaça a seus observadores desarmados, que tiveram uma de suas equipes como alvo de disparos quatro dias atrás, e os impede de levar adiante seu mandato para supervisionar o cessar-fogo mediado por Annan em 12 de abril, o qual é amplamente ignorado. “Houve intensificação da violência armada por toda a Síria nos últimos 10 dias”, disse Mood em um comunicado. “A falta de vontade das partes de buscar uma transição pacífica, e o impulso na direção de posições militares estão elevando as perdas nos dois lados”, acrescentou. Diplomatas disseram que Mood deve falar sobre a situação na Síria ao Conselho de Segurança da ONU, amanhã. Há três dias, o chefe das forças de paz da ONU afirmou que o país estava no limiar de uma guerra civil aberta.

Os cinco membros do conselho com poder de veto devem manter conversações à margem da cúpula do G-20 no México, que começa na amanhã e tem como objetivo romper o impasse na questão das sanções internacionais contra a Síria. Segundo Mood, a violência impõe “riscos significativos” para os 300 membros desarmados da Missão de Supervisão da ONU na Síria, a qual vem operando no país desde o fim de abril. “Nessa situação de risco elevado, a missão está suspendendo suas atividades. Os observadores da ONU não vão realizar patrulhas e vão permanecer em suas bases até novas instruções”, disse Mood, acrescentando que a decisão seria reavaliada diariamente. Na terça-feira, foram disparados tiros contra um carro de observadores da ONU impedidos de entrar na cidade de Haffeh por partidários irados de Assad, que atiraram pedras e barras de metal contra seu comboio. Três carros da ONU também foram danificados em maio quando ficaram em meio a um ataque que matou 21 civis em Khan Sheikhoun. O Ministério de Relações Exteriores da Síria informou ter sido comunicado da decisão de Mood na sexta-feira e que compreendeu sua preocupação pela segurança dos monitores. O governo atribuiu os ataques a rebeldes que lutam contra suas forças. Em 15 meses de conflitos, mais de 14 mil pessoas morreram no país, segundo a ONU.

REBELDES
Muitas centenas de pessoas, incluindo civis, rebeldes e forças do governo, foram mortas nos dois meses desde que o acordo de cessar-fogo deveria ter entrado em vigor. Mas a violência aumentou drasticamente no último mês. Os rebeldes abandonaram o compromisso com o cessar-fogo mediado por Annan e as forças do governo vêm usando artilharia e helicópteros nos ataques aos redutos da oposição. Pelo menos 18 pessoas morreram desde a noite de quinta-feira, incluindo 12 civis, na província de Damasco, bombardeada pelas tropas de Al-Assad. Mais de 1 mil famílias estão cercadas e também são alvo de bombardeios em vários bairros de Homs (Centro), segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), que pediu à ONU que intervenha imediatamente para controlar a situação.

Mais um general sírio desertou e fugiu para a Turquia, segundo anunciou a agência turca Anatolia, o que eleva para 10 o número de oficiais de Damasco desertores em solo turco. Esse militar superior, que não teve a identidade revelada por questões de segurança, chegou à Turquia com a família, e foi instalado no campo de Apaydin, província de Hatay, um local reservado aos desertores, situado a quatro quilômetros da fronteira com a Síria.

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