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Diversificação dá força à economia do Centro-Oeste
Zulmira Furbino -
Publicação: 07/09/2011 12:45 Atualização: 07/09/2011 17:00
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Trabalhadores de uma fábrica de calçados em Nova Serrana |
O cardápio de atividades econômicas na região Centro-Oeste é um dos mais diversificados do Estado. Nele entram calçados, leite, fogos de artifício, fundição, aves, açúcar, álcool, confecções e móveis. Um traço cultural da região ajuda a explicar essa variedade: a população do Centro-Oeste tem elevado grau de empreendedorismo, o que se comprova pelo crescimento dos arranjos produtivos locais (APL) de Nova Serrana, Divinópólis e Bom Despacho. “Os arranjos contribuem para a exploração do grande potencial de diversificação industrial na linha de bens de consumo existente na região”, aponta Clélio Campolina, reitor da UFMG.
Nova Serrana é um exemplo disso. O sucesso do polo pode ser medido pelo crescimento da produção de calçados e pela atração de mão-de-obra de fora da região e do estado. Por causa disso, em dez anos, o número de habitantes da cidade quase dobrou, indo de 37 mil em 2000 para 73 mil em 2010, o que lhe deu a primeira colocação no ranking de crescimento populacional do estado.
O polo calçadista, que também mobiliza outros 11 municípios no entorno de Nova Serrana, beneficiou-se nos últimos anos da diversificação e aprimoramento dos produtos. A invasão de tênis importados da China, a preços baixos, afetou o setor, que tinha no segmento de calçados esportivos seu carro-chefe. Para se defender, a indústria local foi buscar inteligência e tecnologia na UFMG, criou novas linhas de tênis, passou a fabricar calçados femininos e apostou no fast fashion – o termo, em inglês, significa "moda rápida" e refere-se à produção acelerada de coleções para atender às grandes redes do varejo.
Antes de embarcar nessa tendência, as empresas lançavam duas coleções por ano. Agora, lançam uma a cada três meses. “O cliente não quer mais repetir pedido. O público ficou mais exigente”, diz Ramon Alves Amaral, presidente do Sindicato Intermunicipal da Indústria de Calçados de Nova Serrana (Sindinova).
Hoje, os calçados femininos representam 40% do faturamento do polo, que produziu 110 milhões de pares no ano passado. No segmento esportivo, com a tecnologia da UFMG, a Cromic já introduziu no mercado um tênis para caminhada e se prepara para lançar outro, desenhado especialmente para corridas, em janeiro de 2012. “Já vendemos 100 mil pares com a linha para caminhada. A inovação alavanca as vendas", diz Júnior César da Silva, proprietário da empresa.
Também há novidades na atividade leiteira do Centro-Oeste. Em Lagoa da Prata, no alto São Francisco, a Embaré, uma das cinco maiores companhias de lácteos do país, investiu R$ 24 milhões em uma linha de leite longa vida. A produção vai atender Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro, e a expectativa da empresa é atingir 10% de participação no consumo de longa vida nesses mercados.
Os produtores que fornecem leite para a indústria láctea comemoram porque o investimento aumenta a demanda e os preços tendem a melhorar. O presidente da Cooperativa dos Produtores de Leite de Lagoa da Prata, Otaviano de Oliveira, conta que de dezembro de 2009 para cá o preço do litro de leite pago ao pequeno produtor saiu de R$ 0,37 para R$ 0,86, em média.
Com Produto Interno Bruto de R$ 11,4 bilhões e 1,1 milhão de habitantes, 5,7% do total do estado, a economia do Centro-Oeste de Minas se diversifica também no setor do agronegócio. A região é a 4ª em produção de leite no estado. Outro destaque é a produção de aves. Um dos polos importantes nesse segmento está localizado nos municípios da Grande Pará de Minas, como Divinópolis, Bom Sucesso e Bom José da Varginha, entre outros, que contam com uma população de 15 milhões de frangos vivos.
A região Centro-Oeste em conjunto concentra 40% da atividade avícola no estado. Dos 2.000 aviários existentes em Minas, 800 estão instalados ali, gerando 20 mil empregos diretos e 180 mil indiretos. A produção de aves do Centro-Oeste ainda é dirigida exclusivamente ao mercado interno brasileiro, mas os produtores já estão se organizando para disputar uma fatia do mercado externo e criar novas oportunidades de crescimento, informa Antônio Carlos Vasconcelos Costa, presidente da Associação de Avicultores do Estado.
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