PRECISAMOS FIRMAR PARCERIAS ENTRE A PMMG, COMUNIDADE/COMERCIANTES/LIDERANÇAS RELIGIOSAS E GUARDAS MUNICIPAIS. PARA A BUSCA DE UMA SOLUÇÃO QUE VÁ ALEM DO VIZINHOS PROTEGIDOS, QUE JÁ É UM AVANÇO.
Moradores do Santa Tereza são vizinhos da polícia e reféns dos ladrõesOnda de crimes nas proximidades do 16º BPM apavora donos de bares e restaurantes, que criticam demora da PM para agir. Taxistas, lojas e até igreja do bairro também foram alvos
Publicação: 21/06/2012 06:00 Atualização: 21/06/2012 07:47
O aviso colado diante do templo católico informa o motivo de portas e grades ficarem fechadas durante a maior parte do dia |
Clientes nada desejáveis, que chegam em motos, de madrugada, têm levado bares e restaurantes do tradicional Bairro de Santa Tereza, na Região Leste de Belo Horizonte, a baixar as portas mais cedo. Vítimas de ataques por assaltantes armados, os comerciantes se queixam de uma onda de roubos que ocorre apesar da proximidade do 16º Batalhão da Polícia Militar, localizado na Rua Tenente Vitorino. Em apenas uma semana deste mês, seis estabelecimentos foram atacados. O policiamento ostensivo é de responsabilidade da 20ª Companhia da PM, que fica atrás do batalhão, mas são apenas 155 PMs e oito viaturas para fazer a segurança de 133 mil habitantes da própria comunidade e de outros 14 bairros.
O medo de assalto é tanto que o pároco da Igreja de Santa Tereza e de Santa Terezinha, padre Albano de Souza, passou a trancar as portas do templo. “Por motivo de assaltos seguidos de roubo, a igreja permanecerá aberta somente após as 16h”, diz aviso pregado na porta. Uma fiel conseguiu impedir que um ladrão levasse a imagem do Divino Pai Eterno. O padre João Maria, da Congregação dos Crúzios, foi abordado por ladrão depois da missa e entregou R$ 50 que tinha no bolso.
A violência que não respeita nem os religiosos amedronta ainda mais quem trabalha ou se diverte à noite. No último dia 9, um sábado, por volta das 3h30, o Bar Cantus de Aristóteles, na Rua Bocaiúva com Quimberlita, estava com 100 clientes quando dois homens armados renderam a cozinheira e um freguês no balcão. A funcionária foi obrigada a ficar em silêncio e entregou R$ 700. A proprietária, Rosa Terezinha da Luz Lampert, de 52, também foi ameaçada quando percebeu a movimentação estranha. Temendo pela segurança dos clientes e funcionários, ela não reagiu e acionou a PM quando a dupla fugiu em uma moto. “O batalhão fica a dois quarteirões do meu bar e os policiais chegaram duas horas depois. Ainda ficaram enrolando do lado de fora, multando carros”, disse Rosa.
Na quarta-feira anterior, outra dupla armada chegou em uma moto e rendeu o dono do São Benedito Butequim, na Rua Dores do Indaía. “Foi por volta da 1h30 e fomos mantidos reféns por 15 minutos. Eles baixaram as portas e o tempo todo ameaçaram a gente com armas “, disse Júlio César Costa, de 28. Segundo ele, os mesmos assaltantes atacaram outros bares nas duas madrugadas seguintes. “Pelo relato das vítimas, eles usavam as mesmas roupas, a mesma moto e os mesmos capacetes. Foram os mesmos que atacaram o Bolão e o Bar da Rosa. Os bandidos estão tão seguros da falta de policiamento que voltam no dia seguinte. E a PM não faz nada, nem um trabalho preventivo de abordagem de suspeitos”, reclama.
O assalto ao tradicional Bolão ocorreu às 5h30 do dia 8, uma sexta, na Praça Duque de Caxias, a menos de 50 metros do batalhão da PM. “A gente tinha acabado de abaixar as portas e três homens armados entraram pelo portão ao lado. Abordaram os garçons e saquearam o caixa. Levaram R$ 1,5 mil e maços de cigarros”, conta o gerente, Henrique Rocha. “Estamos encerrando o expediente mais cedo depois disso, às 4h. Nossa vontade é trabalhar até mais tarde, mas não podemos correr esse risco. Estamos deixando de faturar”, reclama.
Taxistas de um ponto em frente ao batalhão, lojas e mercearia também foram alvos dos ladrões. A loja de roupas Femme Fatale, na Rua Mármore, foi assaltada por dois homens armados. A dona, Karla Gomes, de 29, e a funcionária Laura Ferreira, de 30, foram ameaçadas com revólveres e trancadas no banheiro. Desde então, a porta de vidro é mantida fechada o tempo todo e o cliente precisa se identificar para entrar. O assalto foi às 18h, quando as vítimas se preparavam para fechar a loja. “Um homem armado entrou e o comparsa ficou do lado de fora. Perguntou se havia mais alguém e levaram a gente para o banheiro e trancaram a porta. O que entrou primeiro gritou para o outro estacionar o carro e disse que era para limpar tudo”, disse Karla. A revolta dela foi maior quando percebeu no boletim de ocorrência que o policial colocou como causa presumida do roubo “dificuldade financeira/cobiça”.
O comandante da 20ª Companhia da PM, major Edson Gonçalves, não apresentou estatísticas de roubos no Santa Tereza, mas argumenta que os números da criminalidade estão estáveis no bairro. “Temos viaturas fazendo a ronda em todos os turnos”, alegou. Em relação à reclamação de que a PM demora até duas horas para chegar aos locais dos crimes, o major informou que a demanda é alta. “Temos que atender também casos de perturbação do sossego e são muitas reclamações”, disse. Segundo ele, os 155 militares são poucos para atender 133 mil habitantes em 15 bairros. “Muitos desses policiais estão de férias, licença médica, trabalhando na administração, ou saem para fazer cursos”, afirmou. Todos os crimes no bairro, segundo ele, estão relacionados ao tráfico e ao uso de drogas.
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