BR-040 »Moradores de Moeda também tentam evitar cobrança de pedágioPraça prevista para Nova Lima e transferida para atender as reclamações dos moradores de condomínios agora preocupa Prefeitura de Moeda, que envia ofício à ANTT por nova alteração
Pedro Rocha Franco
Publicação: 17/10/2013 06:00Atualização: 17/10/2013 07:21
Depois de exaustiva batalha dos moradores de Nova Lima para “empurrar” a praça de pedágio da BR-040 por 10 quilômetros, é a vez de os moradores de Moeda, na Região Central, tentarem afastar um pouco mais o local de cobrança. Prevista inicialmente para o km 562 da rodovia, depois de modificações no escopo do edital, a praça foi deslocada para o km 571,5 para atender reivindicações de residentes de condomínios de luxo situados às margens da rodovia. O problema agora alegado pelos moedenses é que o afastamento atenderia o “primo rico”, mas colocaria o “primo pobre” em maus lençóis, obrigando parte deles a pagar pedágio para ir para o trabalho, além de colocar em risco a viabilidade da atividade de pequenos produtores rurais e das fabriquetas de doce.
A Prefeitura de Moeda encaminhou um ofício à direção da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) para apresentar o problema antes do encerramento da audiência pública que discute o edital de concessão da rodovia. “A população de Moeda tem baixo poder aquisitivo. Em sua maioria, vive da produção de doces e queijos. Outra fonte de renda é a prestação de serviços em condomínios de alta renda”, diz o documento assinado pelo prefeito Janio Acyr Moreira.
Na sequência, o chefe do executivo relata as condições de deslocamento. “Não temos um sistema de transporte coletivo com muitas opções de horários para Nova Lima e BH. Para trabalhar, fazer compras, receber tratamento de saúde ou estudar, nossa população utiliza, em sua maioria, veículos próprios, adquiridos e mantidos com dificuldade frente à renda familiar média do município”, diz o texto. É inclusive citado o PIB per capita das duas cidades. O de Nova Lima é de R$ 12,8 mil, ante R$ 1,9 mil do de Moeda.
A reclamação da prefeitura é de que o pedágio estava situado antes do trevo de Ouro Preto. O deslocamento de quase 10 quilômetros o coloca entre Moeda e o trevo. Com isso, os moedenses que prestam serviço no condomínio Alphaville e outros próximos seriam obrigados a pagar a tarifa. A proposta do município é de que a praça seja reposicionada depois do km 576, ou seja, depois da entrada de Moeda. “A cidade sofre escassez da oferta de educação e de empregos. Muitos buscam isso exatamente nos condomínios”, afirma o chefe de Gabinete da prefeitura, Anderson Carvalho.
O valor dos produtos da fábrica Doces Antunes pode sofrer um forte impacto com a cobrança do pedágio. A maior parte das latas de doce de leite, cocada e outros segue para o entreposto das Centrais de Abastecimento (Ceasa) de Contagem, na Grande BH. Por dia, dois caminhões seguem carregados para distribuir encomendas lá e na capital. Até lá, os veículos deveriam pagar uma tarifa. No caso de automóveis, o teto previsto é de R$ 6,28, mas, por se tratar de caminhões, o pedágio é mais alto, dependendo do número de eixos rodantes. Na volta, outra tarifa seria paga. “Nosso forte é a Ceasa, mas a maioria busca aqui. Com certeza vai ter reclamação e isso deve afetar as vendas. Às vezes, podem até desistir de vir”, afirma a sócia no empreendimento Nívea Filomena. Ela lembra que a compra da matéria-prima e de embalagens, entre outros, também teria incremento de custo, já que o material é todo originário de BH.
INDÚSTRIA
Outro importante detalhe é que a fábrica da Coca-Cola em construção em Itabirito será instalada a cerca de 500 metros do local previsto para a praça de pedágio. Com isso, os mais de 1 mil empregados serão obrigados a pagar a tarifa diariamente para se deslocar até o emprego.
Apesar da reivindicação dos moradores e empresários de Moeda, um detalhe foi decisivo para a ANTT acatar o pedido dos nova-limenses: documentos emitidos pela prefeitura comprovavam que o local onde a praça seria instalada era um trecho urbano. O papel foi apresentado em Brasília para a diretoria da agência reguladora, obrigando que fosse feita a mudança. Caso contrário, corria o risco de judicialização do processo licitatório. Os moradores de condomínios às margens da rodovia diziam que para fazer atividades básicas seriam obrigados a pagar pedágio.
Pedro Rocha Franco
Publicação: 17/10/2013 06:00Atualização: 17/10/2013 07:21
Nova localização da praça de pedágio, agora no km 571, depois da entrada dos condomínios, agora desagrada aos moradores de Moeda |
Depois de exaustiva batalha dos moradores de Nova Lima para “empurrar” a praça de pedágio da BR-040 por 10 quilômetros, é a vez de os moradores de Moeda, na Região Central, tentarem afastar um pouco mais o local de cobrança. Prevista inicialmente para o km 562 da rodovia, depois de modificações no escopo do edital, a praça foi deslocada para o km 571,5 para atender reivindicações de residentes de condomínios de luxo situados às margens da rodovia. O problema agora alegado pelos moedenses é que o afastamento atenderia o “primo rico”, mas colocaria o “primo pobre” em maus lençóis, obrigando parte deles a pagar pedágio para ir para o trabalho, além de colocar em risco a viabilidade da atividade de pequenos produtores rurais e das fabriquetas de doce.
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Condomínios de Nova Lima ficam livres do pedágioGoverno poderá subsidiar pedágios de rodovias menos atrativas para iniciativa privadaNa sequência, o chefe do executivo relata as condições de deslocamento. “Não temos um sistema de transporte coletivo com muitas opções de horários para Nova Lima e BH. Para trabalhar, fazer compras, receber tratamento de saúde ou estudar, nossa população utiliza, em sua maioria, veículos próprios, adquiridos e mantidos com dificuldade frente à renda familiar média do município”, diz o texto. É inclusive citado o PIB per capita das duas cidades. O de Nova Lima é de R$ 12,8 mil, ante R$ 1,9 mil do de Moeda.
O chefe de Gabinete Anderson Carvalho mostra o ofício enviado à ANTT solicitando novo deslocamento da praça de pedágio prevista para a região |
O valor dos produtos da fábrica Doces Antunes pode sofrer um forte impacto com a cobrança do pedágio. A maior parte das latas de doce de leite, cocada e outros segue para o entreposto das Centrais de Abastecimento (Ceasa) de Contagem, na Grande BH. Por dia, dois caminhões seguem carregados para distribuir encomendas lá e na capital. Até lá, os veículos deveriam pagar uma tarifa. No caso de automóveis, o teto previsto é de R$ 6,28, mas, por se tratar de caminhões, o pedágio é mais alto, dependendo do número de eixos rodantes. Na volta, outra tarifa seria paga. “Nosso forte é a Ceasa, mas a maioria busca aqui. Com certeza vai ter reclamação e isso deve afetar as vendas. Às vezes, podem até desistir de vir”, afirma a sócia no empreendimento Nívea Filomena. Ela lembra que a compra da matéria-prima e de embalagens, entre outros, também teria incremento de custo, já que o material é todo originário de BH.
INDÚSTRIA
Outro importante detalhe é que a fábrica da Coca-Cola em construção em Itabirito será instalada a cerca de 500 metros do local previsto para a praça de pedágio. Com isso, os mais de 1 mil empregados serão obrigados a pagar a tarifa diariamente para se deslocar até o emprego.
Apesar da reivindicação dos moradores e empresários de Moeda, um detalhe foi decisivo para a ANTT acatar o pedido dos nova-limenses: documentos emitidos pela prefeitura comprovavam que o local onde a praça seria instalada era um trecho urbano. O papel foi apresentado em Brasília para a diretoria da agência reguladora, obrigando que fosse feita a mudança. Caso contrário, corria o risco de judicialização do processo licitatório. Os moradores de condomínios às margens da rodovia diziam que para fazer atividades básicas seriam obrigados a pagar pedágio.
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