sexta-feira, 18 de outubro de 2013

BR-040 »Moradores de Moeda também tentam evitar cobrança de pedágioPraça prevista para Nova Lima e transferida para atender as reclamações dos moradores de condomínios agora preocupa Prefeitura de Moeda, que envia ofício à ANTT por nova alteração

BR-040 »Moradores de Moeda também tentam evitar cobrança de pedágioPraça prevista para Nova Lima e transferida para atender as reclamações dos moradores de condomínios agora preocupa Prefeitura de Moeda, que envia ofício à ANTT por nova alteração

Pedro Rocha Franco
Publicação: 17/10/2013 06:00Atualização: 17/10/2013 07:21
Nova localização da praça de pedágio, agora no km 571, depois da entrada dos condomínios, agora desagrada aos moradores de Moeda (Cristina Horta/EM/D.A Press)
Nova localização da praça de pedágio, agora no km 571, depois da entrada dos condomínios, agora desagrada aos moradores de Moeda

Depois de exaustiva batalha dos moradores de Nova Lima para “empurrar” a praça de pedágio da BR-040 por 10 quilômetros, é a vez de os moradores de Moeda, na Região Central, tentarem afastar um pouco mais o local de cobrança. Prevista inicialmente para o km 562 da rodovia, depois de modificações no escopo do edital, a praça foi deslocada para o km 571,5 para atender reivindicações de residentes de condomínios de luxo situados às margens da rodovia. O problema agora alegado pelos moedenses é que o afastamento atenderia o “primo rico”, mas colocaria o “primo pobre” em maus lençóis, obrigando parte deles a pagar pedágio para ir para o trabalho, além de colocar em risco a viabilidade da atividade de pequenos produtores rurais e das fabriquetas de doce.
A Prefeitura de Moeda encaminhou um ofício à direção da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) para apresentar o problema antes do encerramento da audiência pública que discute o edital de concessão da rodovia. “A população de Moeda tem baixo poder aquisitivo. Em sua maioria, vive da produção de doces e queijos. Outra fonte de renda é a prestação de serviços em condomínios de alta renda”, diz o documento assinado pelo prefeito Janio Acyr Moreira.

Na sequência, o chefe do executivo relata as condições de deslocamento. “Não temos um sistema de transporte coletivo com muitas opções de horários para Nova Lima e BH. Para trabalhar, fazer compras, receber tratamento de saúde ou estudar, nossa população utiliza, em sua maioria, veículos próprios, adquiridos e mantidos com dificuldade frente à renda familiar média do município”, diz o texto. É inclusive citado o PIB per capita das duas cidades. O de Nova Lima é de R$ 12,8 mil, ante R$ 1,9 mil do de Moeda.

O chefe de Gabinete Anderson Carvalho mostra o ofício enviado à ANTT solicitando novo deslocamento da praça de pedágio prevista para a região (Cristina Horta/EM/D.A Press)
O chefe de Gabinete Anderson Carvalho mostra o ofício enviado à ANTT solicitando novo deslocamento da praça de pedágio prevista para a região
A reclamação da prefeitura é de que o pedágio estava situado antes do trevo de Ouro Preto. O deslocamento de quase 10 quilômetros o coloca entre Moeda e o trevo. Com isso, os moedenses que prestam serviço no condomínio Alphaville e outros próximos seriam obrigados a pagar a tarifa. A proposta do município é de que a praça seja reposicionada depois do km 576, ou seja, depois da entrada de Moeda. “A cidade sofre escassez da oferta de educação e de empregos. Muitos buscam isso exatamente nos condomínios”, afirma o chefe de Gabinete da prefeitura, Anderson Carvalho.

O valor dos produtos da fábrica Doces Antunes pode sofrer um forte impacto com a cobrança do pedágio. A maior parte das latas de doce de leite, cocada e outros segue para o entreposto das Centrais de Abastecimento (Ceasa) de Contagem, na Grande BH. Por dia, dois caminhões seguem carregados para distribuir encomendas lá e na capital. Até lá, os veículos deveriam pagar uma tarifa. No caso de automóveis, o teto previsto é de R$ 6,28, mas, por se tratar de caminhões, o pedágio é mais alto, dependendo do número de eixos rodantes. Na volta, outra tarifa seria paga. “Nosso forte é a Ceasa, mas a maioria busca aqui. Com certeza vai ter reclamação e isso deve afetar as vendas. Às vezes, podem até desistir de vir”, afirma a sócia no empreendimento Nívea Filomena. Ela lembra que a compra da matéria-prima e de embalagens, entre outros, também teria incremento de custo, já que o material é todo originário de BH.

INDÚSTRIA


Outro importante detalhe é que a fábrica da Coca-Cola em construção em Itabirito será instalada a cerca de 500 metros do local previsto para a praça de pedágio. Com isso, os mais de 1 mil empregados serão obrigados a pagar a tarifa diariamente para se deslocar até o emprego.

Apesar da reivindicação dos moradores e empresários de Moeda, um detalhe foi decisivo para a ANTT acatar o pedido dos nova-limenses: documentos emitidos pela prefeitura comprovavam que o local onde a praça seria instalada era um trecho urbano. O papel foi apresentado em Brasília para a diretoria da agência reguladora, obrigando que fosse feita a mudança. Caso contrário, corria o risco de judicialização do processo licitatório. Os moradores de condomínios às margens da rodovia diziam que para fazer atividades básicas seriam obrigados a pagar pedágio.

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