terça-feira, 8 de outubro de 2013

Praça da Liberdade, de centro do poder mineiro a ponto de convivência

Praça da Liberdade, de centro do poder mineiro a ponto de convivência
Publicado em 01/09/2013 15:12:00




As primeiras horas da manhã na Praça da Liberdade são de tirar o fôlego. O local reflete a energia dos assíduos praticantes da caminhada e também daqueles que eventualmente passam por lá, mas que não deixam de apreciar o local. Um dos cartões postais preferidos pelo belo-horizontino, a praça tem uma beleza de encher os olhos, com seus jardins e fontes luminosas, oferece descanso para quem prefere apenas relaxar em um de seus charmosos bancos, e um espaço ao ar livre que é palco de diversos eventos culturais. Ao longo do dia, o cenário é tomado por vários flagrantes de carinho entre os animais de estimação e seus donos, por ciclistas, encontros marcados, paquera entre casais de várias idades e também pela conversa descontraída de jovens.

A praça se especializou em ser palco de muitos amores, como a história romântica da dentista Eliane Rodrigues, de 39 anos, que começou lá, em uma tarde de primavera. “Fui ao local assistir o espetáculo de uma orquestra sinfônica. No meio de tanta gente, um rapaz se aproximou e se apresentou. Depois desse primeiro encontro, passamos a sair juntos várias vezes e estamos casados há 6 anos”, contou. O aposentado Everaldo Souza também tem uma relação de amor com a praça e sabe muito bem como desfrutar do local. “Pela manhã, venho fazer caminhada, prática prioritária no meu dia a dia. O período da tarde é para namorar”, sorriu. Segundo ele, desde que se mudou de Divinópolis, há 7 anos, a área verde se tornou uma grande companheira.

A Praça da Liberdade atrai pessoas de todas as idades. A pequena Manuela Carvalhães, de 1 ano, sente-se em casa perto das palmeiras imperiais. “Moro aqui perto e, quando sobra um tempinho, sempre trago a minha filha para se divertir, porque, além de bonito e reunir muitas crianças, este é um local de socialização”, salientou Patrícia, grávida de 7 meses. Próximo aos pequenos, o aposentado Nivaldo Luz, de 88 anos, que todos os dias vai à praça para ler jornal, diz que a área verde proporciona muitos momentos de descontração. “Adoro observar as pessoas e relaxar a mente e o corpo”, frisou.
Coreto

Quem também guarda histórias é o coreto. Construído em 1923 pelo empresário espanhol Aquelino Edreira Seara, já foi palco de discursos políticos de ex-presidentes como Jânio Quadros e Juscelino Kubtischek, além de autoridades estaduais. Tombado pelo Patrimônio Histórico de Belo Horizonte, o espaço recebeu diversas apresentações musicais. A escadaria que dá acesso ao coreto é o ponto de encontro favorito das amigas Paola, Carla e Samilla. “Aqui a gente conversa e discute sobre diferentes assuntos, desde tarefas escolares a encontros”, disse Samilla.

Jardins

Com traçado e jardins inspirados no Palácio de Versalhes, na França, a Praça da Liberdade reúne em um mesmo espaço diferentes espécies de flores como jasmins, roseiras, hortênsias, canas da índia e lírios, além dos ipês rosa, roxo e amarelo. Na alameda, o visitante encontra palmeiras imperiais e tipuanas. Bióloga e admiradora do local, Carolina Decina contou que, no Brasil, o primeiro exemplar de palmeira imperial foi plantado no Jardim Botânico do Rio de Janeiro pelo príncipe regente Dom João VI, em 1809. Dessa forma, a palmeira tornou-se o símbolo do império.

A borda da fonte luminosa é formada por ciprestes, enquanto os canteiros espalhados pela praça contam com jasmins, canas da índia, roseiras e hortênsias. Para Carolina, os ipês são os seus preferidos. “Quando em flor são encantadores. Eles dão um toque especial ao local”, disse. Quem também admira a paisagem da Praça da Liberdade é a podóloga Irene Rodrigues. “Essa é a praça que mais gosto, além de ser a mais bonita de Belo Horizonte”. Companheira de caminhada matinal, Consolação Figueiredo concorda com Irene. “A área verde é simplesmente, linda!”, disse.

Semáforo mais antigo de BH

Quem passeia pela Praça da Liberdade não imagina que, entre as belas palmeiras imperiais e tendo ao fundo o Palácio da Liberdade, já circularam muitos carros. Prova disso é a existência de um antigo semáforo, ainda em funcionamento, situado entre a praça e a avenida João Pinheiro, antiga Liberdade. Instalado em julho de 1929, quando era chamado de pisca-pisca, é o primeiro dispositivo da capital mineira e faz parte do Conjunto Arquitetônico e Paisagístico da Praça da Liberdade. A história do semáforo até hoje desperta a curiosidade de quem frequenta a praça. “Interessante saber a história desse semáforo. Ele é, realmente, diferente dos equipamentos atuais”, relatou a estudante Samilla Diniz.

Feira Hippie


Na memória dos moradores da cidade, ficou a lembrança dos tempos áureos de quando a Feira de Artes e Artesanato de Belo Horizonte, a famosa Feira Hippie, era realizada na Praça da Liberdade. Tudo começou em 1969 com um movimento cultural, envolvendo, principalmente, artistas plásticos que, semanalmente, expunham seus trabalhos. Em 1991, devido às proporções alcançadas, a feira foi transferida para a avenida Afonso Pena, no Centro, onde permanece até hoje. Morador da capital, o aposentado Tali Barbosa se recorda dos estragos que a feira causava à praça naquela ocasião. “O restante do óleo das frituras feitas nas barracas eram despejadas nos pés das árvores, o que foi bastante nocivo a elas. Mas é um orgulho, depois de tantos anos, ver que a praça continua cada vez mais bela, mesmo com tantas coisas que aconteceram no local”, comemora.

História

A construção da praça foi iniciada na época da fundação da capital mineira, entre 1895 e 1897. Implantada para abrigar a sede do poder mineiro, como o Palácio do Governo e as primeiras secretarias de Estado, os prédios que circulam a praça têm arquiteturas ecléticas, uma mistura dos estilos barroco, clássico e medieval, além de elementos neoclássicos. Vale lembrar que aquela região era o Centro de Belo Horizonte. Entre 1950 e 1960, imóveis modernos foram incorporados ao conjunto, como o Edifício Niemeyer e a Biblioteca Pública Luiz de Bessa, ambos projetados pelo arquiteto Oscar Niemeyer. Em 1980, em estilo pós-moderno, foi inaugurado o prédio conhecido como Rainha da Sucata, onde hoje funciona o Museu das Minas e do Metal.

Nos antigos prédios públicos do entorno da praça hoje funciona o Circuito Cultural Praça da Liberdade, formado por espaços culturais que integram arte, cultura popular, conhecimento e entretenimento. Compõem o circuito o Espaço TIM UFMG do Conhecimento, o Museu das Minas e do Metal e o Memorial Minas Gerais - Vale. Ainda agregam o complexo cultural o Palácio da Liberdade, a Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa, o Arquivo Público Mineiro e o Museu Mineiro. Em breve, o prédio da antiga Secretaria de Estado de Defesa Social vai abrigar o Centro Cultural Banco do Brasil de Belo Horizonte.

O conjunto arquitetônico e paisagístico da Praça da Liberdade foi tombado em 2 de junho de 1977 pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG). A medida contempla, portanto, os edifícios do Palácio da Liberdade e as antigas secretarias de Estado, e se estende aos jardins, lagos, alamedas, fontes e monumentos da praça, bem como as fachadas de diversas edificações do seu entorno.

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